19/12/2018 às 07h47min - Atualizada em 19/12/2018 às 07h47min

Em depoimento, João de Deus admite que fabrica e vende remédios

Composição era igual para todos os “pacientes”. Anvisa alerta que comercializar medicamentos sem registro é crime

METRÓPOLES

Enviadas especiais a Goiânia (GO) – No depoimento de seis páginas que prestou na Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Goiânia (GO), ao qual o Metrópoles teve acesso, João Teixeira de Faria, o João de Deus, 77, admitiu que fabrica remédios em um laboratório na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), Entorno do Distrito Federal. Eles são revendidos aos “pacientes” do centro espiritualista.

Não há receitas, mas um farmacêutico, segundo João de Deus. Perguntado qual a composição dos medicamentos, o médium respondeu: “Todos são iguais, mas a energia presente é a indicada para cada um dos frequentadores”.

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De acordo com João de Deus, a caixa com 10 comprimidos é comercializada por aproximadamente R$ 50. “Não tenho certeza do preço. No atendimento, não é repassada a receita. As orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Apenas atendo e oriento”, afirmou.

 

Perguntado pelo advogado se ele coage as pessoas a comprar a medicação, disse que não existe qualquer imposição. Alguns até a adquirem mesmo sem “a orientação do espírito”. A força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público de Goiás fez uma varredura no laboratório nessa terça-feira (18/12).

Por meio de nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou que os medicamentos precisam ter o registro da instituição vinculado ao Ministério da Saúde. Quem age de forma contrária comete crime.

“A existência de alvará sanitário ou autorização para funcionamento são de responsabilidade da própria Vigilância Sanitária municipal ou estadual, que possuem autonomia administrativa e são vinculadas às respectivas secretarias de Saúde e responsáveis pela fiscalização e emissão dos respectivos documentos”, destacou o órgão.

Procurada pela reportagem, a Superintendência de Vigilância em Saúde de Goiás não havia se manifestado até a última atualização deste texto.