Neste ano, 12,6 mil novos casos de câncer deverão ser identificados no Brasil entre a faixa etária de zero a 19 anos. A projeção é do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que defende o diagnóstico precoce como a principal medida para aumentar a chance de cura e reduzir a mortalidade, desta que é a principal causa de óbitos em crianças e adolescentes. O alerta para a rápida identificação é feito em referência ao Dia Mundial do Câncer, lembrado oficialmente neste sábado (4).
No Distrito Federal, de acordo com a oncologista e hematologista da Secretaria de Saúde Isis Magalhães, o Hospital da Criança, referência no tratamento, recebe anualmente cerca de 200 novos casos de câncer nesta faixa etária. A chance de cura chega a 80%.
Durante o tratamento no Hospital da Criança, os pacientes são atendidos por uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, hematologistas, infectologistas, cirurgiões-pediatras, cardiologistas, psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, nutricionistas odontólogos, e diversos outros profissionais.
A composição dessa equipe é muito importante, já que a criança apresenta diversas complicações. "A imunossupressão causada pela própria doença é acentuada pela quimioterapia e favorece o surgimento de infecções oportunistas, que são a principal causa de óbito durante o tratamento. Em segundo lugar, são os sangramentos", explicou a médica Isis Magalhães.
CONVIVENDO COM O CÂNCER – Eni Cândido, mãe de Antony, de 15 anos, recebeu o diagnóstico de câncer do filho há dois anos. A notícia mudou completamente a rotina familiar. "Ninguém espera que uma criança tenha câncer. Meu filho tem leucemia e, infelizmente, não está respondendo aos medicamentos", lamentou.
A leucemia é o tipo de câncer que mais acomete crianças e adolescentes. São aproximadamente 60 casos por ano. A doença possui subtipos, sendo o mais frequente a leucemia linfoide água, que ocorre principalmente em crianças de 2 a 5 anos de idade. Fora as leucemias, outros tipos de câncer mais comuns são os tumores do sistema nervoso central, sistema nervoso simpático autônomo e renais.
"Geralmente, o câncer em crianças é mais agressivo e age de maneira sistêmica. Por outro lado, a doença nessa fase da vida é mais sensível a quimioterapia, o que facilita o tratamento", explicou a oncologista Isis Magalhães.
As leucemias são responsáveis por 26% da incidência nesta faixa etária. Logo em seguida, os linfomas aparecem com 14% e os tumores do sistema nervoso central representam 13% das ocorrências, de acordo com dados do Inca. As principais diferenças entre o câncer infantil e adulto são os tipos, evolução e localização.
Assim como Antony, outras crianças com câncer são acompanhadas pela equipe especializada do Hospital da Criança, que é referência no atendimento oncológico infanto-juvenil no Distrito Federal. "Fiz três amigas aqui. Os médicos são bem legais e, quando crescer, quero ser técnica de laboratório", disse a pequena Ester Maria Santos, que tem apenas seis anos e também tem leucemia.
ATENDIMENTO – Para iniciar o tratamento oncológico no Hospital da Criança, é necessário ter até 18 anos de idade. Os pacientes atendidos na unidade são encaminhados pela regulação da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Atualmente, não há demanda reprimida para esse tipo de atendimento na unidade.
Cada caso é acompanhado e tratado de acordo com o desenvolvimento do câncer e das características próprias. "Quando o paciente chega, fazemos uma avaliação, hidratação e preparação para iniciar o tratamento quimioterápico o mais rápido possível", frisou Isis.
Para atender os pacientes oncológicos, a unidade funciona como hospital dia (internações que duram menos de 12 horas), das 7h às 22h. Além disso, conta com 22 leitos para pernoitar, quando necessário, um centro cirúrgico ambulatorial e uma Unidade de Terapia Endovenosa.
DATA – Instituída pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) desde 2005, o Dia Mundial do Câncer é celebrado em 4 de fevereiro. O objetivo é alertar as pessoas sobre a doença, que causa 8,3 milhões de óbitos no mundo.