“Não foi uma campanha fácil, pois havia a supremacia há muitos anos na política em Goiás. Mas o povo começou a reagir, dizendo uma palavra só, de norte a sul, de leste a oeste: mudança, mudança”, disse o governador
Ronaldo Caiado chegou à Alego às 9h03 e foi recebido por dezenas de pessoas. Ele cumprimentou várias autoridades no saguão da Casa, e, em seguida, entrou no plenário. A sessão começou às 9h16, coordenada pelo presidente da Assembleia, José Vitti. Cerca de 20 minutos depois, Caiado tornou-se oficialmente governador do estado.
O deputado estadual Talles Barreto (
PSDB) discursou representando a oposição. José Nelto (
Podemos) falou em nome da situação. O governador Ronaldo Caiado, último a se pronunciar, começou o discurso por volta de 10h50 e terminou às 11h40.
Durante um discurso cheio de aplausos, Caiado disse que recebe com "imensa honra e alegria" o cargo de governador e que "não há sonho maior” do que governar sua terra. O governador afirmou ainda que, desde 1989, quando começou na política, sempre honrou os votos dos goianos. Ele declarou que quer fazer um governo honesto e com tolerância zero e que pretende resgatar a credibilidade da classe política em todo o país.
Caiado também prometeu uma linha dura contra a violência.
“Não teremos tolerância com a criminalidade e com tanta ousadia da bandidagem em nosso estado”, afirma. Caiado agradeceu a todos que, segundo ele, “ousaram enfrentar a máquina pública”. Ele listou quais são as principais propostas que pretende pôr em prática.
“Tolerância zero com a corrupção, valorizar os servidores e combater as desigualdades. Essa velha política foi sepultada. Temos que chegar a 50% (do total) de escolas em tempo integral e valorizar os professores”, enumerou. Déficit Caiado disse que, a partir de quarta-feira (2), vai assinar dezenas de decretos para acabar com uma máquina que, segundo ele, “corrói o patrimônio público”. O governador voltou a afirmar que Goiás tem uma dívida de R$ 3,4 bilhões e que sentou para conversar com o novo ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar uma resolução.
“É o colapso completo da máquina pública. Desafio qualquer um aqui a afirmar que o governo está cumprindo os compromissos constitucionais”, pontuou.
Caiado afirmou que sua vida “é parlamento” e sua “história é a tribuna”. Salientou que uma comissão do governo federal virá a Goiânia em 14 de janeiro para analisar a situação financeira de Goiás.
Por fim, o novo governador de Goiás agradeceu à sua família. Nominou todos os irmãos, saudou cunhados e a esposa, Gracinha Caiado, a quem chamou de “companheira de todas as horas". Em seguida, falou sobre cada um dos quatro filhos.
“Meu muito obrigado de coração. Me ajudem a governar o estado de Goiás”. Depois de discursar, o governador seguiu de carro para o Palácio das Esmeraldas, sede administrativa do governo goiano, onde recebeu a faixa do então governador, José Eliton (PSDB).
“Hoje vamos mostrar uma mudança substantiva no governo do estado e na utilização do dinheiro público. Vamos inaugurar um novo tempo no estado de Goiás. Temo que fazer que o estado seja elemento para tornar a economia pujante. Não vou falar das crises que enfrentado. Acredito que vamos superar as dificuldades. Preciso do apoio de todo povo goiano”, disse o o governador após receber a faixa.
Por fim, Caiado saiu em viagem a Brasília, onde vai acompanhar a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
Foram colocadas 380 cadeiras no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás para os convidados. Entre os presentes estavam a procuradora-Geral da República do Brasil, Raquel Dodge, o procurador-Geral do Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO), Benedito Torres, além do presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Gilberto Marques Filho, e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), além de várias outras lideranças políticas.
Discurso da oposição
Durante o discurso, Talles Barreto disse que o novo governo marca também uma nova oposição em Goiás. Ele elogiou os mandatos dos ex-governadores Marconi Perillo e Alcides Rodrigues e afirmou que eles trouxeram “conquistas em várias áreas”. “Goiás tem a 9ª maior economia do Brasil. Saímos do décimo sexto para o primeiro lugar do Ideb”, disse.
Ao falar que a saúde se tornou referência no Brasil, foi interrompido por parte da plateia, que o vaiou. Quando disse que a Polícia de Goiás era uma das mais equipadas do país, novamente foi interrompido pelo público, composto em sua maioria por apoiadores de Ronaldo Caiado. Após a intervenção do presidente da sessão, José Vitti, ele ainda foi interrompido um terceira vez ao falar que Goiás tem um dos menores endividamentos.
Barreto afirmou ainda que o novo governo “não começará Goiás do zero” e que a nova gestão tem o dever de manter o Goiás no rumo e entrega-lo melhor do que recebeu. “O papel da oposição será esse: fiscalizar o novo governo e o cumprimento das promessas dentro do prazo”, concluiu.
Fala da situação
José Nelto discursou por mais de meia hora. Ele afirmou que há alguns anos estavam entregando o estado para o chamado “Tempo Novo”, de Marconi Perillo, e que é preciso pôr os “pingos nos i's”
“Ele [Perillo] foi o governador que mais endividou o estado de Goiás. Isso é histórico. Esse é o governo que o senhor vai assumir, senhor Ronaldo Caiado. Uma dívida que salto de R$ 5,4 bilhões para R$ 32 bilhões. Essa é uma realidade dura”, disse.
O deputado afirmou que Goiás virou um “estado fantasma”, com obras paradas, e que Caiado precisará de 8 ou 12 anos para terminá-las. Ele disse que o governo Caiado encerra o “período das trevas”.
“É o fim das cobranças absurdas para a população. Um verdadeiro festival de impostos, penalizando a população mais pobre de Goiás. O estado de Goiás tem a carga tributária mais alta do país. Servidores passaram a viver com atrasos e ameaças. A educação no interior foi transformada em curral eleitoral”, afirmou.
Nelto disse que o governo de Goiás gasta R$ 30 milhões com shows de valores acima do normal, mas não falta dinheiro para “mordomias e ostentação”. Por fim, falou que Caiado veio para fechar “um livro” e que irá por fim às mordomias com o dinheiro público.
“O senhor e sua equipe têm o apoio de toda a população goiana, fará um governo justo e poderá ser o primeiro governador goiano a ser presidente da República”, afirmou.