15/01/2019 às 07h40min - Atualizada em 15/01/2019 às 07h40min

Conselho das redes sociais adverte: é preciso ouvir os cidadãos

Neste domingo, completam-se 13 dias desde que Ibaneis Rocha (MDB) vestiu a faixa de governador. Num passado não distante, qualquer avaliação até os 100 dias de governo era considerada fora de hora e até injusta. Pouco usual mesmo.

METRÓPOLES

Em tempos de redes sociais, o mundo parece girar mais rapidamente. O ciclo que leva para um fato ser noticiado, repercutir e escapar ao radar da opinião pública parece a jato. Neste domingo, completam-se 13 dias desde que Ibaneis Rocha (MDB) vestiu a faixa de governador. Num passado não distante, qualquer avaliação até os 100 dias de governo era considerada fora de hora e até injusta. Pouco usual mesmo.

Mas a comunicação evoluiu. O que não muda o fato de 13 dias serem apenas 13 dias, prazo insuficiente para que medidas substantivas ocorram, suas consequências sejam sentidas e resultados medidos.

A despeito da realidade, corre o mundo paralelo das plataformas digitais, onde a cada minuto brotam opiniões sobre os rumos de tudo, inclusive do governo Ibaneis. E antes mesmo do encerramento das duas primeiras semanas de gestão, eleitores já cataram os confetes do dia da posse e agora cobram, como se não houvesse amanhã, o que o governador fará, afinal, para melhorar os serviços no DF.

No conselho cibernético, ninguém ganha jetom para opinar. Mas também dispensam-se rapapés. Os cidadãos jogam na cara, sem cerimônia, o que pensam. Nesse estilo, foi que deliberaram sobre dois assuntos de repercussão nesta semana.

Num deles, aprovaram por ampla maioria, com poucas ressalvas, a disposição manifesta do governador Ibaneis de fazer visitas sistemáticas em hospitais públicos para flagrar o que não funciona, mudar procedimentos e cobrar soluções. Vide ata da discussão em post na timelinedo Instagram do Metrópoles.

“Vou andar pelos hospitais sem avisar e cobrar resultados”, disse Ibaneis.

Suficiente para o primeiro pitaqueiro abrir os trabalhos:

“Vai levar tanto susto que terá um infarto quando perceber o tanto de médico que faltou. Logo depois, vai pegar o plano de saúde e seguir para hospital particular. Chegando por lá, tomará outro susto quando perceber que o médico que era para estar no hospital público é o mesmo que está atendendo pelo seu plano.”

Mais sobre o tema

Seguiram-se, então, duas centenas de comentários com recados de encorajamento e sugestões sobre método, local e hora para as investidas de Ibaneis. O público curtiu. Mais de 5 mil vezes.

Como todas as medidas são postas à prova dos assessores que a web disponibiliza em tempo integral, sem custos para o erário, chegou a vez de opinarem sobre as recentes contratações de Ibaneis.

E o governador recém-empossado recebeu sua primeira saraivada de críticas. Brasilienses representados pela bancada da rede social na internet protestaram contra a iniciativa do chefe do Executivo de trazer para sua administração deputados descartados pelas urnas ou impedidos pela Justiça.

Cristiano Araújo, por exemplo, não se reelegeu distrital, é réu na Drácon, mas ganhou assento no governo. Rogério Ulysses foi condenado pela Caixa de Pandora e nem sequer poderá assumir o cargo para o qual foi convidado.

“É uma pessoa em quem confio”, afirmou Ibaneis sobre Cristiano Araújo.

Curto e grosso quem inaugurou o debate neste caso: “Foi recusado nas urnas, mas é indicado a um cargo com salário de R$ 15 mil. Isso que é um tapa na cara da sociedade”.

Outras dezenas de comentários sobre a iniciativa do governador. Desta vez, unanimidade de votos contra.

Um governo é como um transatlântico, disse-me um amigo bom de metáforas. Qualquer guinada é lenta. Faz-se a manobra agora, mas os resultados só serão percebidos com o tempo.

Nas águas onde navega o novo governo, é possível pescar uma mensagem que pode ser muito útil para os próximos 1.447 dias de gestão: os brasilienses estão bastante atentos para saber em que direção aponta o comandante, mas também se acham no direito legítimo de opinar sobre quem está autorizado na cabine de controle. Afinal, estamos todos no mesmo barco.


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