18/01/2019 às 07h56min - Atualizada em 18/01/2019 às 07h56min
Bebê levado do HRT foi entregue a irmã de enfermeiro, revela Conselho Tutelar
Presentes para o menino e clima festivo na casa levantaram suspeitas de adoção à brasileira
PCDF
O recém-nascido levado pela mãe durante fuga do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) foi parar na casa da irmã de um enfermeiro da unidade de saúde. A situação chamou a atenção do Conselho Tutelar, que deu mais detalhes do caso um dia após o Jornal de Brasília revelar o problema que provocou crise no HRT. Conselheiros tutelares reforçam a hipótese de adoção à brasileira – quando uma criança é entregue a alguém sem a anuência da Justiça. O clima festivo na casa onde a criança foi encontrada é um dos motivos para a suspeita. Segundo o órgão, o bebê foi entregue à irmã do funcionário do HRT no momento em que a moradora de rua, mãe do menino, fugiu do hospital. A mulher diz que só ficou com a criança pelo fato de a mãe alegar que iria abandoná-la. Coincidência O menino foi levado do hospital às 3h30 do dia 23 de dezembro. A mulher recebeu a criança junto com a declaração de nascido vivo (DNV). Indagada pelo Conselho Tutelar sobre estar no local no dia e horário da fuga, ela justificou que foi coincidência e que tinha a intenção de ter atendimento “facilitado pelo irmão”, enfermeiro no hospital. A Secretaria de Saúde do DF não soube informar se o irmão dela estava de plantão no dia. Nenhum funcionário percebeu que a mãe tinha saído do HRT. Duas vigilantes foram demitidas, mas uma delas teve a demissão revertida. O Conselho Tutelar foi acionado pelo hospital e, após o boletim de ocorrência, foi instruído pela Defensoria Pública a tomar as medidas cabíveis e levar a criança a um abrigo. “Assim que soubemos onde o menino estava, fomos acolhê-lo, pois a pessoa que estava cuidando não tinha nenhum vínculo familiar com ele”, conta a conselheira Simone Machado de Lima. Ela diz que, por telefone, a mulher pediu mais tempo com o bebê e para o conselho ir apenas “no dia seguinte”. As pessoas na casa onde o menino se encontrava estavam em festa. “O bebê estava muito bem cuidado. Havia muitos presentes e roupas. Estranho para uma criança que chegou lá de repente”, conta a conselheira Suedes de Fátima Gonçalves, sobre o momento em que foi buscar a criança, aumentando a suspeita sobre a tentativa de adoção à brasileira. O Conselho Tutelar afirma que a mulher que estava cuidando do menino tentou uma guarda judicial junto ao Ministério Público. Por sua vez, o órgão disse ao Jornal de Brasília que não pode divulgar informações sobre o caso, pois se trata de um processo da área da família e envolve menor de idade.
A criança nasceu no dia 8 de dezembro, e a fuga aconteceu 15 dias depois. “Se a mãe realmente tivesse a intenção de entregar o bebê, teria feito antes”, considera a conselheira. A mãe teve a instrução de permanecer no hospital até que fosse encontrado um lar para os dois. Durante esse período, ela demonstrou interesse em ficar com o filho, aponta o relatório produzido pelo HRT. Não se sabe ao certo onde a mãe do bebê se encontra. O Conselho Tutelar afirma que ela teria sido encaminhada para um abrigo no Gama, e que, dois dias após a fuga, ela teria entrado em contato com as conselheiras para contar sua versão. “Ela diz que foi orientada pela mulher que ficou com o bebê para aguardar todos dormirem, e depois, fugir”, destaca Suedes. A Secretaria de Saúde diz que o fato é apurado pelo Serviço Social da unidade de saúde, além de ser investigado pela Polícia Civil