Aos 57 anos, o deputado federal Fábio Ramalho (MDB-MG) se prepara para assumir, no dia 1º de fevereiro, o quarto mandato parlamentar. No mesmo dia, participará da disputa pela presidência da Câmara, cargo ocupado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), candidato à reeleição.
O Metrópoles publica, a partir deste sábado (19/1) entrevistas exclusivas com os concorrentes aos comandos do Legislativo. Primeiro dos sabatinados, Ramalho se tornou popular no Congresso desde o primeiro mandato por oferecer comida, todos os dias da semana, a quem visite seu gabinete. Também abre o apartamento com frequência para animados jantares com políticos e amigos dos Três Poderes.
Fiel ao hábito de distribuir quitutes, o deputado chegou à redação do Metrópoles para a entrevista com um pote de goiabada, doce típico de Minas Gerais. Atual vice-presidente da Câmara, ele integra a larga faixa de deputados conhecidos por “baixo clero”, formado por políticos que têm pouca influência no núcleo que concentra o poder decisório no Congresso Nacional.
“Hoje nós temos uma panelinha de 20 pessoas (deputados) que frequentam a casa do Rodrigo (Maia), que tem algumas virtudes, mas deixa a desejar quando faz esse grupo pequeno. Outros 490 parlamentares não podem frequentar a casa”, diz o deputado mineiro.
“Sem toma lá dá cá”
Caso seja o escolhido pelos colegas, a relação com o governo do presidente Jair Bolsonaro, segundo Ramalho, “será a melhor possível, independente e harmônica, sem toma lá dá cá”. Nesse aspecto, o parlamentar de Minas Gerais reclama de verbas repassadas durante o governo Michel Temer (MDB) para o Congresso em troca de votos que não se confirmaram. “Ele (Temer) liberou muitos recursos para aprovar a reforma da Previdência e, no entanto, não aprovou”, recorda.
O próximo presidente da Câmara terá como uma de suas missões, exatamente, o comando das votações relacionadas à Previdência Social. “Não faremos a reforma do Palácio nem da oposição, será a reforma do Parlamento”, afirma Ramalho, em um discurso adequado para quem tem interesse em agradar os pares.
Como estratégia para a aprovação de mudanças na Previdência, ele aponta a necessidade de discussão com prefeitos e governadores, também interessados em reorganizar as contas de suas administrações.
Na disputa pela cadeira mais poderosa da Câmara, o deputado tenta viabilizar seu nome em um cenário que tem Maia favorito à reeleição e, também, candidatos com menos chances, como o novato Marcelo Freixo (PSol-RJ), representante de parte da esquerda. Ramalho busca votos do que seria um “bloco independente” dessas duas vertentes.
Nessa faixa transitam, exatamente, os integrantes do “baixo clero”. Em campanha, Ramalho faz propostas voltadas para esse segmento e acena, por exemplo, com a instalação de banheiros em 87 gabinetes que não dispõem dessas instalações. “Para dar dignidade a quem trabalha”, argumenta o candidato à presidência da Câmara.