Após diversas tentativas frustradas de governos anteriores, o tema da "zona azul" – áreas de estacionamento pago nas regiões de maior fluxo do Distrito Federal – deve ser retomado pela gestão Ibaneis Rocha (MDB). O governador disse que já pediu um levantamento das informações necessárias para tocar o projeto.
A ideia é criar um estacionamento rotativo em áreas que permitam a integração com o transporte púlico. O estudo encomendado deve dar origem a uma proposta de parceria público-privada, segundo o Buriti. Com isso, uma licitação seria aberta e a empresa vencedora ficaria responsável por gerir a entrada e saída de carros, a exemplo do que já ocorre em estacionamentos privados.
Segundo Ibaneis, a proposta em estudo prevê que moradores de regiões atendidas por Metrô e BRT não usem o carro próprio para chegar ao Plano Piloto. Para isso, eles teriam de deixar o veículo em algum estacionamento próximo das estações, e pegar na volta.
Antes disso, segundo o próprio governador, seria preciso reforçar o sistema de transporte público. Ibaneis citou iniciativas ligadas ao tema, mas não deu prazo para que essa primeira etapa seja concluída.
"Hoje temos um transporte que não funciona. Meu secretário esteve reunido com todas as empresas de transporte, e elas já estão implementando a integração em todo o DF. Foram apresentadas todas as linhas que precisam ser reativadas, para que a gente dê condição de as pessoas acessarem as linhas de BRT e Metrô", disse.
Placa da Zona Azul instalada em rua de Recife (PE) — Foto: Marcos Pastich/PCR/Divulgação
A ideia geral do projeto foi mencionada por Ibaneis na última semana, em conversa com jornalistas após uma reunião no Ministério de Desenvolvimento Regional. Por enquanto, o modelo exato de cobrança ainda não foi definido – e nem o cronograma de implementação.
O governador do DF também não informou se pretende retomar o projeto iniciado na gestão Rodrigo Rollemberg (PSB) (veja detalhes abaixo), e nem se já definiu as áreas prioritárias no centro de Brasília.
O que está claro, até o momento, é que será preciso criar esses "bolsões de estacionamento" perto das estações de BRT e Metrô, e convencer a população a utilizá-los. Os espaços que já existem, nesse sentido, têm vagas sobrando mesmo em horário de pico.
"[Os bolsões serão criados] Para que as pessoas possam deixar seus carros com segurança, fazendo isso através do bilhete integrado. E aí sim, quem quiser vir de carro para o Plano Piloto terá que pagar", disse Ibaneis.
"Eu vou fazer a tarifa social: quem deixar o carro lá paga pouco, quem trouxer o carro para o Plano paga muito."
As diretrizes divulgadas por Ibaneis não incluem, até o momento, medidas para conter o fluxo de veículos de regiões como Sobradinho, Planaltina e Paranoá – que não têm Metrô, nem BRT.
O projeto para iniciar a cobrança de estacionamentos nas áreas centrais de Brasília não é novo. Começou a ser debatido na gestão do ex-governador Joaquim Roriz, quando o modelo de estacionamento rotativo recebeu o nome de Vaga Fácil.
A lei que autorizava o sistema gerou polêmica e foi questionada pelo Ministério Público do DF e derrubada pelo Tribunal de Justiça, que considerou o texto inconstitucional.
Em 2017, o governo Rodrigo Rollemberg (PSB) chegou a lançar edital para convocar empresas interessadas em atuar nesse modelo de cobrança. Faltou, no entanto, definir os critérios para a implementação do projeto até o fim da gestão.
O projeto é uma das soluções encontradas para melhorar a acessibilidade e desafogar o trânsito na área central do DF.