O deputado federal pelo PSol do Rio de Janeiro Jean Wyllys desistiu do mandato, para o qual tinha sido reeleito, e deixou o Brasil. A decisão, segundo informou o próprio deputado em postagem nas redes sociais, foi tomada por medo de ameaças de morte, que teriam sido intensificadas nos últimos meses. A informação de que ele abdicou do mandato foi confirmada pela assessoria de imprensa do partido na Câmara dos Deputados.
O parlamentar, que está de férias no exterior, publicou uma mensagem de despedida nas redes sociais. “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”, disse.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o deputado justificou a decisão. Afirmou viver sob escolta policial desde o assassinato da correligionária Marielle Franco, vereadora no Rio de Janeiro, em março de 2018. De acordo com ele, as ameaças de morte aumentaram após o crime.
“O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, disse à Folha.
O líder do PSol na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), informou que a decisão do colega de partido já havia sido discutida com os demais integrantes da legenda.
Mesmo com a saída de Jean Wyllys, o partido continua com o mesmo número de deputados, uma vez que o suplente David Miranda (PSol) vai assumir a vaga.
Local desconhecido
A assessoria de imprensa do deputado pelo Rio de Janeiro informou que ele já está fora do país, mas não revelou o local. De acordo com os auxiliares, por motivos de segurança pessoal, Wyllys prefere, por ora, não informar qual será o seu paradeiro.
A chegada de Jair Bolsonaro à Presidência da República (PSL) também teria relação com a decisão. Em reiteradas ocasiões, o deputado vinha afirmando que, após a vitória do peesselista em outubro, ele passara a receber mais ameaças dos apoiadores do presidente. Durante suas duas passagens pela Câmara dos Deputados, o parlamentar do PSol fez dura oposição a Bolsonaro e chegou a cuspir no peesselista em 2016, durante a votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).