28/01/2019 às 07h17min - Atualizada em 28/01/2019 às 07h17min

Voo de esperança: Brumadinho conta com drones para achar sobreviventes

Aparelhos serão usados a fim de vasculhar áreas mais remotas. Até o momento, tragédia contabiliza 58 mortos e 305 desaparecidos

METRÓPOLES

Enviada especial a Brumadinho (MG) — O relógio nunca foi tão cruel com Brumadinho. Invadido por um mar de lama desde o rompimento da barragem de Mina Feijão, na sexta-feira (25/1), o município mineiro distante 70 km de Belo Horizonte trava uma batalha contra o tempo. Às 13h30 desta segunda-feira (28), a tragédia — que até o momento tirou a vida de 58 pessoas — completa 72 horas. Enquanto a cidade conta seus mortos, familiares de 305 desaparecidos esperam angustiados por notícias.

Uma ponta de esperança surge do céu. Nesse domingo (28), a Força Aérea Brasileira e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais começaram a usar drones para buscar corpos e, principalmente, sobreviventes.

Como os rejeitos atingiram uma grande extensão territorial de Brumadinho, socorristas têm encontrado dificuldades para vistoriar todas as áreas. Amigos e parentes de pessoas sumidas acreditam que muitos podem estar ilhados em partes mais altas de matas, onde bombeiros não conseguem chegar a pé. Os aparelhos serão importantes justamente nesse trabalho de reconhecimento.

 

Integrantes da força-tarefa que trabalham nas buscas desde o dia da ruptura da represa entendem que os aparelhos nunca foram tão imprescindíveis como agora. A própria Aeronáutica fez um apelo para que droneiros se apresentem e coloquem os instrumentos controlados à disposição.

Num áudio gravado pelo coronel Vargas, do Departamento de Controle de Espaço Aéreo da Aeronáutica, o oficial pede auxílio aos donos desses veículos não tripulados e controlados remotamente.

“Nós estamos precisando dos auxílios dos senhores em algumas determinadas regiões. Entretanto, para que esse auxílio possa ser bem-vindo, é preciso que seja coordenado. O ponto focal, assim como o local focal, é a Faculdade Asa. Repassem esse áudio”, pediu o militar.

A FAB confirmou a veracidade do áudio e reforçou o pedido: “Como a quantidade de helicópteros é pequena e a área atingida é gigante, foi necessário recrutar essas pessoas”, informou.

Apesar de considerar os pilotos de drones bem-vindos, a Força Aérea explicou que quem levantar voo na região de busca sem autorização pode ser interpelado. O receio é de que equipamentos não cadastrados coloquem em risco a operação dos helicópteros de resgate.

“Fora dos locais nos quais estejam autorizados o uso, serão encarados como ato ilícito e a Polícia Militar de Minas Gerais estará atuando a fim de efetuar as prisões necessárias”, ressaltou o coronel Vargas.

Bombeiros usam drone do Metrópoles
Na tarde de domingo (28), o drone do Metrópoles foi usado em auxílio aos socorristas. A equipe de reportagem estava no Parque das Cachoeiras, uma das áreas mais afetadas de Brumadinho.

Policiais haviam solicitado à Defesa Civil drones para fazer o reconhecimento do lugar, mas com muitas vias com acesso interrompido, os equipamentos poderiam demorar a chegar. Momento em que o aparelho dirigido pelo repórter fotográfico do portal Igo Estrela foi usado — a pedido dos responsáveis pela operação — para fazer a leitura da área até a chegada de um helicóptero do Corpo de Bombeiros.

Sepulturas abertas
No final da tarde de domingo, pelo menos 98 sepulturas já haviam sido abertas e preparadas para os enterros no cemitério Parque das Rosas, no bairro Salgado Filho, a cerca de cinco minutos de carro do centro de Brumadinho. Entre os mortos, 19 corpos foram identificados.

 

Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, 361 pessoas foram localizadas e 193 resgatadas. De acordo com ele, um ônibus foi encontrado na noite desse domingo próximo à administração da barragem, com corpos, e o resgate foi estendido. Ainda não se sabe o número de mortos dentro do coletivo.

As buscas foram retomadas no início da tarde de domingo. A atividade havia sido suspensa durante a evacuação da cidade, após risco de rompimento da Barragem VI. Depois de a entrada do centro da cidade ser liberada, os moradores receberam autorização para voltarem às suas casas.

 


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