29/01/2019 às 08h10min - Atualizada em 29/01/2019 às 08h10min

Limpando as gavetas: parlamentares derrotados se despedem dos mandatos

No total, oito congressistas deixarão as cadeiras no Senado Federal e na Câmara dos Deputados até 1º de fevereiro

METRÓPOLES

Na reta final dos mandatos no Congresso Nacional, oito dos 11 representantes do Distrito Federal começam a arrumar as gavetas para desocuparem os gabinetes instalados no Senado e na Câmara dos Deputados. Os parlamentares ficarão sem mandato pelos próximos quatro anos e, consequentemente, terão todos os projetos apresentados nos últimos anos arquivados.

Metrópoles procurou os congressistas que sairão dos cargos no dia 1º de fevereiro e os questionou sobre as perspectivas para o final da legislatura. “Eu apresentei mais de 600 projetos nos quatro anos de mandato, agora todos ficarão na gaveta. Tentamos aprovar o máximo de propostas e tenho convicção de que representei bem os eleitores do DF”, declarou o deputado federal Alberto Fraga (DEM), que ficou em sexto lugar na corrida ao Palácio do Buriti em 2018.
 

Em terceiro na mesma disputa do colega ao Governo do Distrito Federal (GDF), o deputado Rogério Rosso (PSD) planeja retomar a advocacia, profissão que exerceu muito antes de ingressar na vida política. “Já estou me reciclando, porque é fundamental a gente se preparar. Aos poucos, tenho retirado a papelada do gabinete para entregá-lo à Câmara”, disse.

Após 16 anos de mandato, o senador Cristovam Buarque (PPS) acabou derrotado na tentativa para a segunda reeleição. Embora tenha obtido uma expressiva votação, ele acabou atrás de Leila Barros (PSB) e Izalci Lucas (PSDB) na concorrência ao Senado. “Não tenho mais o que fazer, porque tudo já foi feito em toda a minha história. O balanço disso tudo eu farei no momento apropriado”, disse Buarque à reportagem.

No período de campanha, o senador chegou a afirmar ao Metrópoles que, caso fosse derrotado, não descartaria deixar o país para lecionar em universidades renomadas, como na China ou na Inglaterra. Nessa segunda-feira (28/1), contudo, preferiu ser menos enfático: “Vamos ver o que o futuro nos reserva”, disse.

Experiência
Suplente, Hélio José (Pros) assumiu a vaga no Senado quando Rodrigo Rollemberg (PSB) tomou posse no Palácio do Buriti, em 2015. “Foi uma experiência muito interessante e a gente conseguiu entrar e sair ficha limpa numa casa [legislativa] complexa, onde pudemos dar um pouco de contribuição ao nosso país. Tenho certeza que foi um trabalho importante”, declarou.

Hélio José está otimista quanto à boa vontade de outros congressistas solicitarem o desarquivamento das suas propostas. “Criei uma boa amizade com os outros senadores, independentemente de coloração partidária. Só preciso reunir 27 assinaturas deles para que meus projetos voltem a tramitar”, explicou o representante do Pros. Servidor de carreira, ele afirma que deve tirar um mês de férias antes de reassumir o cargo no Ministério do Planejamento.

Realocado
Embora não tenha disputado as últimas eleições, o bispo Vitor Paulo (PRB) foi um dos primeiros anunciados pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para compor a nova equipe do Palácio do Buriti. Nomeado como secretário de Assuntos Institucionais, o evangélico deixou a vaga na Câmara dos Deputados para integrar o primeiro escalão do Executivo local. Em seu lugar, o ex-secretário-geral da Presidência da República Ronaldo Fonseca reassumiu a titularidade da cadeira.

Condenado por improbidade administrativa no escândalo que ficou conhecido como Caixa de Pandora, o deputado federal Roney Nemer (PP) está inelegível e diz ter preferido não provocar a Justiça para tentar disputar um cargo eletivo. Presidente do partido no DF, o parlamentar articulou a formação da nominata que elegeu uma deputada federal – Celina Leão (PP) – e um distrital – Valdelino Barcelos (PP) –, além de ter atuado nos bastidores da campanha de Ibaneis ao Buriti.

Ex-diretor da Polícia Civil do Distrito Federal, Laerte Bessa (PR) também não conquistou a reeleição e terminou como suplente na Câmara dos Deputados. No pleito, optou por apoiar a campanha de Ibaneis Rocha ao GDF. Embora tenha recebido sinalizações do novo chefe do Executivo de que poderia assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o órgão que seria criado pelo emedebista não saiu do papel até agora.

Tradicional na política brasiliense, o deputado federal Augusto Carvalho (SD) também ficará sem mandato eletivo. O ex-presidente do Sindicato dos Bancários foi constituinte, deputado distrital e retornou por dois mandatos à Câmara dos Deputados.

DF: veja quem fica e quem sai da Câmara e do Senado Federal

  • Alberto Fraga (DEM): assumiu o mandato após receber 155 mil votos em 2014, mas deixa a Câmara depois de ser derrotado ao GDF.
  • Augusto Carvalho (SD): recebeu quase 40 mil votos em 2014, mas não alcançou o número suficiente de eleitores em 2018 para renovar o mandato.
  • Erika Kokay (PT): conseguiu ser reeleita em 2018 para o segundo mandato consecutivo na Câmara, com 90 mil votos.
  • Hélio José (Pros): em 2014, herdou a cadeira aberta com a vitória de Rollemberg ao Palácio do Buriti, mas tentou uma vaga na Câmara dos Deputados em 2018, sem sucesso.
  • Izalci (PSDB): deixa o mandato na Câmara para assumir o de senador pelos próximos oito anos.
  • Laerte Bessa (PR): recebeu pouco mais de 32 mil votos em 2014 e foi derrotado na tentativa de reeleição.
  • Rogério Rosso (PSD): votado por 94 mil eleitores quando ingressou no cargo, também saiu derrotado ao GDF em 2018.
  • Ronaldo Fonseca (PROS): obteve mais de 84 mil votos em 2014, mas não se candidatou no ano passado.
  • Rôney Nemer (PMDB): conquistou mais de 82 mil votos há quatro anos, mas ficou inelegível após decisão do Superior Tribunal de Justiça no processo da Caixa de Pandora.

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