30/01/2019 às 07h45min - Atualizada em 30/01/2019 às 07h45min

MPF: parte de propina no BRB pagou dívidas de campanha de Rollemberg

Operação Circus Maximus apura suposto esquema de pagamentos ilícitos a diretores do Banco de Brasília em troca de investimentos em projetos

METRÓPOLES

As investigações sobre negócios fraudulentos no Banco de Brasília (BRB) apontam um suposto beneficiamento da candidatura de Rodrigo Rollemberg (PSB), em 2014, ao Governo do Distrito Federal (GDF). De acordo com delação feita ao Ministério Público Federal (MPF) pelo empresário Ricardo Siqueira Rodrigues, o tesoureiro do socialista na disputa e ex-conselheiro do banco, Ricardo Luiz Peixoto Leal, teria recebido R$ 100 mil em dinheiro de propina para saldar dívidas de campanha do ex-governador.

As informações fazem parte do processo que resultou no pedido de 14 prisões preventivas e temporárias e mandados de busca e apreensão em 34 endereços no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nesta terça-feira (29/1), a Polícia Federal deflagrou a operação Circus Maximus, que investiga o suposto esquema de corrupção comandado pela cúpula do BRB.

 

Os negócios supostamente escusos envolviam investimentos no extinto Trump Hotel, no Rio de Janeiro, atualmente conhecido como LSH Lifestyle; no edifício Praça Capital, no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA); e na reestruturação de dívida do jornal Correio Braziliense. Entre os investigados, além de Ricardo Leal, estão o presidente licenciado do BRB, Vasco Cunha Gonçalves (na foto em destaque, ao lado de Rollemberg), e os diretores Financeiro e de Relações com Investidores, Nilban de Melo Júnior, e de Serviços e Produtos, Marco Aurélio Monteiro de Castro.

De acordo com a delação de Ricardo Siqueira Rodrigues, o operador Henrique Domingues Neto, aliado de Ricardo Leal, procurou-o em fevereiro de 2015 para tratar de um aporte de R$ 3 milhões do BRB no instituto de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do município de Santos (SP). Segundo relatado ao MPF, o negociador teria dito que a operação seria possível mediante propina de R$ 250 mil em favor do conselheiro, “sendo R$ 100 mil em espécie para saldar dívidas da campanha para o Governo do DF”.

Confira trecho da investigação do MPF:

Rodrigues afirmou aos procuradores que o pagamento ilícito foi efetuado por ele em moeda corrente, em 25 de fevereiro daquele ano, no escritório particular de Ricardo Leal, com a presença de Henrique Neto. “O dinheiro foi transportado em voo comercial pelo colaborador”, detalha o Ministério Público.

O montante teria sido viabilizado mediante lavagem de dinheiro efetuada pela empresa Globomix Serviços de Concretagem LTDA. Para tanto, a fornecedora de cimento apresentou notas falsas com uma quantidade de material “completamente irreal” para obra do empreendimento LSH Hotels. O restante da propina, no valor de R$ 150 mil, teria sido repassado em encontro posterior promovido pelo grupo.