O esquema de corrupção investigado no Banco de Brasília (BRB) contava com uma sofisticada rede de doleiros alvo da Operação Lava Jato. Ao descortinar transações clandestinas executadas pela cúpula do BRB na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), o Ministério Público Federal (MPF) revelou que a distribuição de propina contava com o auxílio de homens acostumados a “esquentar” dinheiro de origem ilícita no país e no exterior.
Na peça elaborada pelo MPF que resultou na Operação Circus Maximus, os procuradores descrevem que “elementos colhidos pela Lava Jato no Rio de Janeiro trouxeram aos presentes autos o conhecimento da parcela financeira, que tratava do branqueamento de valores, detalhando o sistema de doleiros utilizados pelos funcionários do BRB, comum a tantos outros esquemas criminosos de colarinho branco”.
Juca Bala e outro doleiro, Cláudio Fernando Barbosa, também acabaram atrás das grades em 2017, no Uruguai, no âmbito da Operação Calicute, braço da Lava Jato. De acordo com os investigadores, os dois eram os operadores financeiros no exterior do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), preso em Bangu 8 desde 2016.
Vinícius Claret, o Juca Bala, é apontado como um dos doleiros operadores do esquema implementado no BRB
Francisco Araújo Junior, o Jubra, também circulava com desenvoltura no Distrito Federal, dando vazão ao dinheiro desviado dos cofres do BRB. Assim como Juca Bala e Cláudio Fernando, Jubra é réu na Lava Jato. No último dia 27, ele fechou acordo de delação premiada com o MPF-DF no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios de fundos de pensão, bancos públicos e estatais.
Morador do Park Way, Jubra se apresentava como consultor para economia e finanças, e tinha como vizinhos e clientes políticos, empresários e advogados.
Segundo o Ministério Público Federal, apenas entre os anos de 2011 e 2017, o doleiro movimentou pelo menos US$ 2,9 milhões (cerca de R$ 10,2 milhões). Ele também transportava dinheiro vivo, em automóveis, Brasil afora. A suspeita é que Jubra tenha levado à Bahia os R$ 51 milhões encontrados no “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).
Ao explanar a função de cada um no esquema criminoso instalado dentro do banco candango, o MPF detalhou como funcionava a máquina de propina no BRB. “Entre os doleiros que trabalhavam com Juca, está Francisco Araújo Júnior, indivíduo chave na narrativa a respeito dos pagamentos feitos em relação a outro empreendimento, o LSH Lifestyle Hotel, em um contexto de prestação de serviços ilícitos para uma organização criminosa instalada no banco BRB”, escreveram os procuradores na peça.
Para construir o hotel, a LSH foi ao mercado e lançou debêntures (títulos de dívida) junto a instituições financeiras para a captação de recursos. A operação totalizou R$ 80 milhões, em valores corrigidos. Desse total, 42% são do BRB, ou seja, R$ 33,6 milhões. O banco entrou de cabeça no negócio, adquirindo, administrando e custodiando o fundo por quase quatro anos, entre 2013 e 2017.
Outro empreendimento suspeito citado pelos investigadores é o edifício Praça Capital. Segundo o MPF, na captação de recursos junto ao BRB feita pela sociedade formada entre as empreiteiras Odebrecht e Brasal, “a estrutura criminosa se repete”. O Ministério Público Federal detalha que integrantes do banco cobravam vantagens indevidas para a aquisição de cotas em fundos de participação do complexo construído às margens da EPTG.
Conheça os doleiros investigados pela Circus Maximus e já detidos na Lava Jato:
Esquema de corrupção no BRB contava com rede de doleiros da Lava Jato
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Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, foi alvo da Operação Calicute, outro braço da Lava Jato. Foi preso em 2017 por determinação do juiz da 7ª Vara Federal no Rio Marcelo Bretas. A detenção ocorreu no Uruguai. A força-tarefa que o localizou contou com a participação da Procuradoria-Geral da República, da Polícia Federal, da Interpol e do Ministério Público do Uruguai. No âmbito da Calicute, Juca Bala foi delatado pelos irmãos e também operadores Renato e Marcelo Chebar. Os Chebar revelaram que, em 2007, com “o aumento do ingresso do volume de recursos no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, tiveram de adquirir dólares no mercado paralelo”. “As operações com os clientes do IDB/NY [Israel Discount Bank of New York] já não eram mais suficientes”, disseram. Acionaram, então, “um doleiro de apelido ‘Juca'”, referência a Juca Bala. Os delatores afirmaram que só falavam com Juca Bala por meio do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Segundo os irmãos Chebar, o ex-governador do Rio escondeu US$ 100 milhões no exterior, e Juca Bala seria um dos seus principais operadores Reprodução
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Cláudio Fernando Barbosa, outro doleiro, foi detido no aeroporto internacional de Montevidéu em 2017, quando voltava de viagem ao Chile. Ele havia deixado o Uruguai antes do Carnaval e pretendia refugiar-se em outro país. Segundo a investigação da Lava Jato, o doleiro atendia pelas alcunhas de Tony e Peter. Preso no mesmo dia que Juca Bala, ele também foi delatado pelos irmãos e doleiros Renato e Marcelo Chebar. Ao MPF, os Chebar contaram que Barbosa e Juca Bala eram os principais braços no gigantesco esquema de corrupção comandado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso em Bangu 8 desde 2016. Em julho daquele ano, Cláudio Fernando Barbosa foi condenado, pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a 18 anos de prisão. A sentença foi aplicada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, e também se estendeu a Juca Bala Arte/Metrópoles
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Um dos alvos da Operação Câmbio, Desligo, no âmbito da Lava Jato, é o doleiro Francisco Araújo Junior, mais conhecido como Jubra. Morador do Park Way, ele se apresentava como consultor para economia e finanças, e tinha como vizinhos e clientes políticos, empresários e advogados. Segundo o MPF, apenas entre os anos de 2011 e 2017, Francisco movimentou pelo menos US$ 2,9 milhões (cerca de R$ 10,2 milhões). Ele também levava dinheiro vivo, em automóveis, Brasil afora. A suspeita é que Junior tenha levado à Bahia os R$ 51 milhões encontrados no “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), em 2018. De acordo com as investigações, ele era responsável pelo transporte de valores em espécie entre diversos estados da Federação, como São Paulo, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Para administrar o negócio, mantinha um escritório em endereço nobre do Setor de Autarquias Sul, próximo à sede da Polícia Federal e da Receita Federal. Jubra, junção de Junior com Brasília, ganhou projeção no cenário nacional da lavagem de dinheiro ao herdar boa parte da carteira de clientes de doleiros famosos do DF, entre eles Fayed Traboulsi e Carlos Habib Chater. O operador brasiliense foi citado nas delações dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, também apontados como operadores do esquema no BRB. Cláudio Barbosa afirmou ter sido apresentado a Junior pelo operador Lúcio Funaro. E passou a usá-lo como fornecedor em 2008, para serviços de transporte e logística de recursos. O delator revelou que já comprou US$ 1,2 milhão de Junior no exterior e vendeu US$ 850 mil para ele. Citou, ainda, pagamentos, em 2013, para manutenção de aeronave no exterior para a empresa Bravan Aviation Inc, no Bank of America Reprodução
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Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, foi alvo da Operação Calicute, outro braço da Lava Jato. Foi preso em 2017 por determinação do juiz da 7ª Vara Federal no Rio Marcelo Bretas. A detenção ocorreu no Uruguai. A força-tarefa que o localizou contou com a participação da Procuradoria-Geral da República, da Polícia Federal, da Interpol e do Ministério Público do Uruguai. No âmbito da Calicute, Juca Bala foi delatado pelos irmãos e também operadores Renato e Marcelo Chebar. Os Chebar revelaram que, em 2007, com “o aumento do ingresso do volume de recursos no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, tiveram de adquirir dólares no mercado paralelo”. “As operações com os clientes do IDB/NY [Israel Discount Bank of New York] já não eram mais suficientes”, disseram. Acionaram, então, “um doleiro de apelido ‘Juca'”, referência a Juca Bala. Os delatores afirmaram que só falavam com Juca Bala por meio do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Segundo os irmãos Chebar, o ex-governador do Rio escondeu US$ 100 milhões no exterior, e Juca Bala seria um dos seus principais operadores Reprodução
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Cláudio Fernando Barbosa, outro doleiro, foi detido no aeroporto internacional de Montevidéu em 2017, quando voltava de viagem ao Chile. Ele havia deixado o Uruguai antes do Carnaval e pretendia refugiar-se em outro país. Segundo a investigação da Lava Jato, o doleiro atendia pelas alcunhas de Tony e Peter. Preso no mesmo dia que Juca Bala, ele também foi delatado pelos irmãos e doleiros Renato e Marcelo Chebar. Ao MPF, os Chebar contaram que Barbosa e Juca Bala eram os principais braços no gigantesco esquema de corrupção comandado pelo ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, preso em Bangu 8 desde 2016. Em julho daquele ano, Cláudio Fernando Barbosa foi condenado, pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, a 18 anos de prisão. A sentença foi aplicada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, e também se estendeu a Juca Bala Arte/Metrópoles
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Um dos alvos da Operação Câmbio, Desligo, no âmbito da Lava Jato, é o doleiro Francisco Araújo Junior, mais conhecido como Jubra. Morador do Park Way, ele se apresentava como consultor para economia e finanças, e tinha como vizinhos e clientes políticos, empresários e advogados. Segundo o MPF, apenas entre os anos de 2011 e 2017, Francisco movimentou pelo menos US$ 2,9 milhões (cerca de R$ 10,2 milhões). Ele também levava dinheiro vivo, em automóveis, Brasil afora. A suspeita é que Junior tenha levado à Bahia os R$ 51 milhões encontrados no “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB), em 2018. De acordo com as investigações, ele era responsável pelo transporte de valores em espécie entre diversos estados da Federação, como São Paulo, Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Para administrar o negócio, mantinha um escritório em endereço nobre do Setor de Autarquias Sul, próximo à sede da Polícia Federal e da Receita Federal. Jubra, junção de Junior com Brasília, ganhou projeção no cenário nacional da lavagem de dinheiro ao herdar boa parte da carteira de clientes de doleiros famosos do DF, entre eles Fayed Traboulsi e Carlos Habib Chater. O operador brasiliense foi citado nas delações dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, também apontados como operadores do esquema no BRB. Cláudio Barbosa afirmou ter sido apresentado a Junior pelo operador Lúcio Funaro. E passou a usá-lo como fornecedor em 2008, para serviços de transporte e logística de recursos. O delator revelou que já comprou US$ 1,2 milhão de Junior no exterior e vendeu US$ 850 mil para ele. Citou, ainda, pagamentos, em 2013, para manutenção de aeronave no exterior para a empresa Bravan Aviation Inc, no Bank of America Reprodução
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Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, foi alvo da Operação Calicute, outro braço da Lava Jato. Foi preso em 2017 por determinação do juiz da 7ª Vara Federal no Rio Marcelo Bretas. A detenção ocorreu no Uruguai. A força-tarefa que o localizou contou com a participação da Procuradoria-Geral da República, da Polícia Federal, da Interpol e do Ministério Público do Uruguai. No âmbito da Calicute, Juca Bala foi delatado pelos irmãos e também operadores Renato e Marcelo Chebar. Os Chebar revelaram que, em 2007, com “o aumento do ingresso do volume de recursos no esquema do ex-governador Sérgio Cabral, tiveram de adquirir dólares no mercado paralelo”. “As operações com os clientes do IDB/NY [Israel Discount Bank of New York] já não eram mais suficientes”, disseram. Acionaram, então, “um doleiro de apelido ‘Juca'”, referência a Juca Bala. Os delatores afirmaram que só falavam com Juca Bala por meio do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Segundo os irmãos Chebar, o ex-governador do Rio escondeu US$ 100 milhões no exterior, e Juca Bala seria um dos seus principais operadores Reprodução
Doleiros e lavagem de dinheiro Planilhas apreendidas pela força-tarefa da Circus Maximus indicam a participação dos doleiros na lavagem do dinheiro retirado clandestinamente do BRB. No controle financeiro da suposta organização criminosa, há dois repasses, os quais totalizam R$ 205 mil, entregues em espécie no escritório sede do Praça Capital, que funciona em um shopping na Asa Sul.
O documento apreendido mostra, inclusive, que a quadrilha criava senhas para facilitar o repasse do dinheiro lavado por meio do empreendimento. Num dos lançamentos, cujo responsável pela operação é identificado como Jubradhdf, aparecem dois valores: R$ 155 mil e R$ 50 mil, assinalados respectivamente com as senhas “Madeira” e “Algodão”.
“Jubra é o codinome de Júnior no sistema dos doleiros, resultado da aglutinação das palavras Júnior e Brasília, cidade base do doleiro em questão. DH, que se segue ao apelido,