06/02/2019 às 08h47min - Atualizada em 06/02/2019 às 08h47min

Esquema de corrupção no BRB contava com rede de doleiros da Lava Jato

Pelo menos três operadores financeiros da maior investida contra a corrupção no país tinham conexões com ex-diretores do Banco de Brasília

METRÓPOLES

O esquema de corrupção investigado no Banco de Brasília (BRB) contava com uma sofisticada rede de doleiros alvo da Operação Lava Jato. Ao descortinar transações clandestinas executadas pela cúpula do BRB na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), o Ministério Público Federal (MPF) revelou que a distribuição de propina contava com o auxílio de homens acostumados a “esquentar” dinheiro de origem ilícita no país e no exterior.

Na peça elaborada pelo MPF que resultou na Operação Circus Maximus, os procuradores descrevem que “elementos colhidos pela Lava Jato no Rio de Janeiro trouxeram aos presentes autos o conhecimento da parcela financeira, que tratava do branqueamento de valores, detalhando o sistema de doleiros utilizados pelos funcionários do BRB, comum a tantos outros esquemas criminosos de colarinho branco”.

Veja:

 

Pelo menos três doleiros que mantinham relações com ex-diretores do BRB presos na deflagração da Circus Maximus têm histórico de colaboração em outros esquemas escusos. Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, foi detido por supostamente entregar dinheiro vivo a pedido do então senador Aécio Neves (PSDB-MG), eleito deputado federal no último pleito.

Juca Bala e outro doleiro, Cláudio Fernando Barbosa, também acabaram atrás das grades em 2017, no Uruguai, no âmbito da Operação Calicute, braço da Lava Jato. De acordo com os investigadores, os dois eram os operadores financeiros no exterior do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), preso em Bangu 8 desde 2016.

Vinícius Claret, o Juca Bala, é apontado como um dos doleiros operadores do esquema implementado no BRB

Francisco Araújo Junior, o Jubra, também circulava com desenvoltura no Distrito Federal, dando vazão ao dinheiro desviado dos cofres do BRB. Assim como Juca Bala e Cláudio Fernando, Jubra é réu na Lava Jato. No último dia 27, ele fechou acordo de delação premiada com o MPF-DF no âmbito da Operação Greenfield, que investiga desvios de fundos de pensão, bancos públicos e estatais.

Morador do Park Way, Jubra se apresentava como consultor para economia e finanças, e tinha como vizinhos e clientes políticos, empresários e advogados.

Segundo o Ministério Público Federal, apenas entre os anos de 2011 e 2017, o doleiro movimentou pelo menos US$ 2,9 milhões (cerca de R$ 10,2 milhões). Ele também transportava dinheiro vivo, em automóveis, Brasil afora. A suspeita é que Jubra tenha levado à Bahia os R$ 51 milhões encontrados no “bunker” do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB).

Ao explanar a função de cada um no esquema criminoso instalado dentro do banco candango, o MPF detalhou como funcionava a máquina de propina no BRB. “Entre os doleiros que trabalhavam com Juca, está Francisco Araújo Júnior, indivíduo chave na narrativa a respeito dos pagamentos feitos em relação a outro empreendimento, o LSH Lifestyle Hotel, em um contexto de prestação de serviços ilícitos para uma organização criminosa instalada no banco BRB”, escreveram os procuradores na peça.

Para construir o hotel, a LSH foi ao mercado e lançou debêntures (títulos de dívida) junto a instituições financeiras para a captação de recursos. A operação totalizou R$ 80 milhões, em valores corrigidos. Desse total, 42% são do BRB, ou seja, R$ 33,6 milhões. O banco entrou de cabeça no negócio, adquirindo, administrando e custodiando o fundo por quase quatro anos, entre 2013 e 2017.

Outro empreendimento suspeito citado pelos investigadores é o edifício Praça Capital. Segundo o MPF, na captação de recursos junto ao BRB feita pela sociedade formada entre as empreiteiras Odebrecht e Brasal, “a estrutura criminosa se repete”. O Ministério Público Federal detalha que integrantes do banco cobravam vantagens indevidas para a aquisição de cotas em fundos de participação do complexo construído às margens da EPTG.
 

 

Conheça os doleiros investigados pela Circus Maximus e já detidos na Lava Jato:
































































Doleiros e lavagem de dinheiro
Planilhas apreendidas pela força-tarefa da Circus Maximus indicam a participação dos doleiros na lavagem do dinheiro retirado clandestinamente do BRB. No controle financeiro da suposta organização criminosa, há dois repasses, os quais totalizam R$ 205 mil, entregues em espécie no escritório sede do Praça Capital, que funciona em um shopping na Asa Sul.

O documento apreendido mostra, inclusive, que a quadrilha criava senhas para facilitar o repasse do dinheiro lavado por meio do empreendimento. Num dos lançamentos, cujo responsável pela operação é identificado como Jubradhdf, aparecem dois valores: R$ 155 mil e R$ 50 mil, assinalados respectivamente com as senhas “Madeira” e “Algodão”.

“Jubra é o codinome de Júnior no sistema dos doleiros, resultado da aglutinação das palavras Júnior e Brasília, cidade base do doleiro em questão. DH, que se segue ao apelido,

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