O doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em esquemas de corrupção, negocia com o Ministério Público Federal um acordo de delação. As tratativas vêm sendo conduzidas por procuradores da força-tarefa responsável pelas operações Sépsis, Greenfield e Cui Bono? (A quem interessa?).
A expectativa dos investigadores é de que Funaro revele detalhes de esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro de grandes empresas, suspeitas de receber aportes da Caixa e de outras entidades públicas em troca do pagamento de propina a agentes políticos.
Preso desde julho do ano passado na Penitenciária da Papuda, em Brasília, Funaro teve duas conversas com integrantes da Procuradoria da República no Distrito Federal nos últimos 15 dias. Nas reuniões, os procuradores listaram ao menos 30 assuntos a serem aprofundados numa eventual colaboração, entre eles a sua relação com a família Batista, proprietária da holding J&F, um dos 52 grupos investigados.
O Ministério Público Federal busca mais provas do envolvimento de Cunha e outros políticos, como o ex-ministro e ex-vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), nos desvios.
Na prisão, Funaro começou a fazer anotações sobre o que poderá contar e acionou familiares para levantar documentos a serem eventualmente entregues ao Ministério Público. A reportagem apurou que parte dos manuscritos foi apreendida na semana passada, durante varredura de agentes penitenciários.
Ele chegou a ficar no pavilhão de isolamento, a solitária, junto com o ex-senador Luiz Estevão e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, porque em sua cela foram encontrados R$ 1 mil, quantia superior ao permitido na unidade prisional (R$ 50 por semana).
Em nota, a J&F informou que suas relações comerciais com Lúcio Funaro foram “todas comprovadas por contratos de serviço e pagamentos documentados”.