A corregedoria do Senado pediu a ajuda do ministro da Justiça, Sérgio Moro, para descobrir se houve fraude na votação da presidência da Casa, no dia 2, quando Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito. Na ocasião, foram encontradas 82 cédulas na urna de votação, um a mais do que o número de senadores na Casa. Seis parlamentares estão sob suspeita.
O corregedor, senador Roberto Rocha (PSDB-MA), disse ao Estadão/Broadcast que ligou para o ministro para solicitar a ajuda da Polícia Federal na análise das imagens capturadas. Além dos vídeos, também estão sob análise mais de 11 mil fotografias.
Ele disse que já analisou as imagens, mas que é necessário equipamento de alta tecnologia para concluir a investigação. Além da PF, ele cogita também solicitar auxílio da Universidade Federal de Brasília (UnB). Para o corregedor, “é pouco provável” que o voto duplo tenha sido um equívoco, mas sim um ato intencional.
“Alguém por equívoco ou má fé, não posso dizer ainda, embora seja muito pouco provável que tenha sido um equívoco deixou de botar a cédula dentro do envelope para colocar duas cédulas dentro da urna, sem envelope”, disse. “Alguém substituiu um envelope por uma segunda cédula. Em que momento foi isso? É o que estamos olhando nas imagens”, disse.
Pelo conteúdo analisado até agora, o corregedor disse que também é possível que a cédula a mais tenha sido colocada na urna durante os últimos votos, já no sábado pela manhã. “Na primeira mãozada já veio os dois votos”, disse Rocha.
Os últimos a votar foram os senadores de Roraima (Chico Rodrigues, Mecias de Jesus e Telmario Mota), Amapá (Davi Alcolumbre, Lucas Barreto e Randolfe Rodrigues), Tocantins (Eduardo Gomes, Irajá Abreu e Kátia Abreu) e Rondônia (Marcos Rogério, Confúcio Moura e Acir Gurgacz).
Após análise das imagens, Rocha afirmou ter observado que, dos 81 senadores, não é possível ver com clareza o momento da votação de seis deles. Os seis, que não tiveram seus nomes revelados, são considerados suspeitos.
“Mesmo com as imagens tem uma meia dúzia de casos que não dá pra ver com os recursos que temos. Estou tentando ver se conseguimos um recurso mais específico ou da PF, da UnB ou dos dois. Aí, eles poderão dizer, ‘está aqui no zoom (a fraude)’”, disse. Corregedor lamentou a falta de preservação das provas que poderiam ajudar na investigação. “Se a gente tivesse as cédulas, seria mais fácil. Mas rasgaram as cédulas”, disse.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast no dia seguinte da votação, o presidente da sessão, José Maranhão (MDB-PB) disse que as duas cédulas do voto duplo estavam assinadas apenas pelo secretário da Mesa no dia, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
Os papéis precisavam estar assinados por Maranhão e Bezerra. Questionado se as cédulas em questão poderiam ter sido assinadas previamente, antes do início da eleição, o corregedor demonstrou não ter certeza sobre essa possibilidade. Já o senador Major Olímpio (PSL-SP), que pediu a abertura da investigação, não descartou esta hipótese.
Rocha pediu a Alcolumbre mais três servidores para auxiliá-lo na investigação.