A reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, viveu momentos de tensão hoje (26) quando o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, assumiu a palavra. Ao discursar em defesa do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, representantes de várias delegações deixaram o local em protesto.
Arreaza afirmou que há uma orquestração internacional, liderada pelos Estados Unidos e pela Colômbia, para agredir e intervir na Venezuela. Ele negou que agentes de segurança venezuelanos tenham reagido a balas nas áreas de fronteira.
O chanceler mostrou fotos em que aparecem manifestantes, segundo ele, agredindo os militares da Venezuela. “É indignante”, afirmou. “Eu amo minha pátria”, acrescentou. “O golpe fracassou. Hoje é a Venezuela, quem virá depois? Nicarágua? Indonésia?”, disse.
A chefe de Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, ressaltou que os dados sociais sobre a Venezuela confirmam a crise humanitária pela qual passa a população, registrando, por exemplo aumento de mais de 50% na mortalidade infantil no país. “As informações disponíveis mostram uma triste realidade: a economia continua a se deteriorar, as pessoas estão morrendo de causas evitáveis e deixando o país em busca de assistência”, disse.
Para o representante dos Estados Unidos, Elliot Abrams, a restauração da democracia venezuelana depende de “pressionar o regime ilegítimo a deixar [o poder] pacificamente”. Ele criticou as dificuldades impostas à entrada da ajuda humanitária.
O representante da França na ONU, François Delattre, disse que a Venezuela vive a pior crise humanitária da sua história. Segundo ele, o “regime de Maduro” decidiu privar a sua população da ajuda internacional e não hesitou em atacar seus próprios cidadãos desarmados durante confrontos. Para o embaixador francês, a Venezuela infligiu a si mesma a reprovação da comunidade internacional e do seu próprio povo.
O representante permanente da Rússia, Vassily Nebenzia, descreveu a atuação dos Estados Unidos de levar ajuda humanitária para a Venezuela como “uma tentativa de cruzamento ilegal de fronteira para a entrega de uma carga desconhecida”. Segundo ele, foi uma ação ilegítima pois havia suprimentos “não verificados”, que não foram solicitados pela Venezuela.