07/03/2019 às 07h06min - Atualizada em 07/03/2019 às 07h06min

BRT: vândalos podem responder por formação de quadrilha, diz delegado

Titular da 33ª DP afirmou que envolvidos serão identificados e punidos. Durante confusão, vigilante deu tiro que atingiu jovem no rosto

METRÓPOLES

Os vândalos responsáveis pela depredação da estação do BRT na QR 119 de Santa Maria serão identificados por meio de imagens de câmeras de segurança e podem responder por formação de quadrilha. A ocorrência, registrada na 20ª Delegacia de Polícia (Gama), que tem Central de Flagrantes, será transferida na manhã desta quinta-feira (7/3) para a 33ª DP (Santa Maria). O caso ocorreu na noite dessa terça (5), durante a volta das festas de Carnaval.

“Os vândalos serão identificados e também responderão por dano ao patrimônio público. Se ficar comprovado que se uniram para depredar o terminal, serão indiciados por formação de quadrilha. Não vamos deixar barato”, assegurou o delegado-chefe da 33ª DP, Rodrigo Têlho, ao Metrópoles. Ainda de acordo com ele, os investigadores vão colher imagens de circuito interno para identificar os envolvidos.

Outra investigação a cargo da unidade é sobre disparo de arma de fogo que, por sorte, não resultou em fatalidade. Durante a confusão, um vigilante atirou em direção ao tumulto e atingiu Jhordan Maxwell Alves, 18 anos, no rosto. A bala ficou alojada no maxilar do rapaz, submetido a cirurgia na tarde de quarta-feira (6), no Hospital de Base.

 

Na manhã desta quarta, o delegado plantonista da 20ª DP Jacsan Vasconcelos disse que “as apurações iniciais apontam para legítima defesa”. Segundo elas, Jhordan estaria no meio da turma de vândalos, que usou um martelinho, possivelmente furtado de um ônibus, para quebrar o vidro da sala de cofre da estação.

Já Rodrigo Têlho disse que aguardará o resultado das investigações para decidir se o vigilante será indiciado. “Acredito no que está descrito na ocorrência. Se for confirmada a versão do vigilante, não vejo como tentativa de homicídio, mas legítima defesa. Ou seja, iremos investigar”, afirmou.

A versão do vigilante
Em entrevista ao Metrópoles, o vigilante em questão, Admilson Xavier Silva, explicou seu relato. De acordo com ele, por volta das 20h dessa terça-feira (5), um grupo com aproximadamente 30 pessoas desceu do ônibus – o qual já havia sido depredado – e passou a quebrar o que via pela frente na estação do BRT. Só havia Admilson de segurança no local.

“Três funcionárias que trabalham na bilheteria ficaram assustadas. Pela quantidade de gente, cheguei a pensar que poderiam invadir a área do cofre. Vi que carregavam barras de ferro, pedras e garrafas”, disse. O vigilante contou que pediu para que eles parassem, mas o grupo não cessou os ataques.

Em seguida, Admilson entrou em uma sala que considerava segura. “Atirei uma única vez, para tentar dispersar. Fiquei assustado com o vandalismo e a destruição. Não tinha a intenção de balear ninguém”, ressaltou. Ele conta que, depois do disparo, o grupo passou a ameaçá-lo e tentou entrar no local. A situação só foi controlada após a chegada da Polícia Militar.

Ainda de acordo com o vigilante, que tem 18 anos de profissão, os atos de vandalismo no BRT começaram na sexta (1º) e é comum ter esse tipo de ocorrência no Carnaval. “Nos primeiros dias, vimos que quebraram os ônibus e alguns objetos do BRT, como lixeiras e janelas. Mas, ontem [terça], o grupo estava muito alcoolizado e a quantidade de pessoas nos assustou”, completou.

Testemunha
O estudante Lucas Magalhães da Silva, 21, estava no momento em que Jhordan foi baleado. Ele nega que o amigo tenha quebrado o vidro da sala de cofre da estação. Contou ainda que havia cerca de 20 pessoas perto na hora da confusão.

“A gente estava voltando do Carnaval [no bloco Não Pega Ninguém, no Setor Comercial Sul]. Alguns meninos deram uma martelada no vidro. O Jhordan não fez isso. Ele apenas chegou perto, e foi nessa hora que o segurança veio. O segurança foi muito imprudente”, destacou. Lucas é amigo e vizinho da vítima. Os dois estudam juntos. Segundo Lucas, Jhordan é tranquilo e nunca se envolveu em confusão antes.

 

Um adolescente de 16 anos amigo da vítima acredita que o vigilante tinha consciência de que não atirou “às cegas”. “Algumas pessoas o provocaram. Ele ficou nervoso e atirou. Depois, saiu correndo”, destacou. Ele afirma ainda que o quebra-quebra ocorreu após o rapaz ter sido atingido com um tiro na boca.

A estação do BRT ficou com vários vidros quebrados, inclusive o da sala do cofre, que foi tampado com um papelão. O banheiro para pessoas com necessidades especiais chegou a ter a maçaneta arrancada.