20/03/2019 às 07h11min - Atualizada em 20/03/2019 às 07h11min

Senado vai revisar gastos com alimentação no cartão corporativo

Despesas dos últimos 5 anos estão sendo revistas. Recomendação foi feita à administração da Casa em decorrência de relatório de auditoria

O Senado Federal deu início a uma revisão em todas as notas fiscais de alimentação pagas com cartões corporativos entre 2014 e 2019. O objetivo é descobrir se servidores fizeram despesas pessoais com dinheiro público e, caso a irregularidade seja constatada, exigir a devolução da verba.

A ação teve início em 18 de fevereiro, um dia depois de o Metrópoles mostrar que esses cartões foram usados para compras que não tinham a ver com o exercício da atividade parlamentar, como a aquisição de whey protein, sabonete líquido, flores, mix de castanhas e chocolate fit.

A revisão, determinada pela diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, foca apenas em gastos com alimentação e exclui do escopo despesas de outra natureza, como compra de flores e sabonetes, por exemplo.

Em 18 de fevereiro de 2019, também houve a criação de um grupo interno para aprimorar o uso da forma de pagamento. Os integrantes são aliados da diretora-geral do Senado, que registrou o segundo maior gastocom o cartão no ano passado. Suas despesas, porém, não farão parte da revisão. Segundo ela, não foram comprados alimentos na sua cota. 

De acordo com fontes da administração do Senado, depois da revisão das notas de 2018, aproximadamente R$ 4.500 foram reembolsados pelo secretário-geral da Mesa Diretora da Casa, Luiz Fernando Bandeira de Mello. No entanto, mesmo com a constatação da irregularidade, não houve nenhuma punição administrativa ao servidor.

Sabonete líquido e flores
Além dos suplementos alimentares e gastos em restaurantes, notas que foram alvo da auditoria mostram que a servidora Ludmila Castro também efetuou uma compra de R$ 755,70 em 9 litros de sabonete líquido com aromas de flor de cerejeira e 24 litros com aroma de morango, nas lojas Renner, no dia 5 de março de 2018.

Sobre isso, Bandeira, que é chefe de Ludmila, disse que havia reclamações dos senadores quanto à qualidade do produto disponível para lavar as mãos na Casa. “O sabonete foi comprado para o plenário. O que era usado no Senado era aquele vagabundo, tipo de rodoviária”, afirmou Bandeira à reportagem.

Ludmila também comprou dois potes de vidro por R$ 339,60, na loja Utilidades Dular, no dia 2 de fevereiro de 2018. Três dias depois, foram realizadas compras de flores que, somadas, chegam a R$ 242, na loja Fascinação, na Asa Sul. A data é a mesma da aquisição de duas plantas jardineiras por R$ 800, em 5 de março, na loja Flores do Paranoá.

As flores, segundo Bandeira, tiveram de ser ressarcidas. “[Na auditoria] entenderam que só as flores que enfeitaram o plenário estavam ok, não aquelas para o gabinete do presidente [do Senado]”, disse, na ocasião.