22/03/2019 às 17h29min - Atualizada em 22/03/2019 às 17h29min

DF: Força Nacional intensifica segurança no presídio federal após vinda de Marcola

Transferência do principal líder do PCC para a capital da República pegou autoridades locais de surpresa

A Penitenciária Federal do Distrito Federal passará a contar com um reforço na segurança a fim de abrigar o principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola (foto em destaque). Instalado em um dos blocos do Complexo da Papuda desde às 14h20 desta sexta-feira, um dos maiores criminosos do País permanecerá na capital da República como “estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”, de acordo com o Ministério da Justiça.

Assim como em Porto Velho, policiais da Força Nacional de Segurança Pública protegerão o perímetro da penitenciária federal. Outros três integrantes do PCC vieram no mesmo voo e vão ficar em Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal. Além deles, já estão no presídio Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam.
 

A chegada dos criminosos ocorre no mesmo dia em que a Polícia Civil e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) fazem operação contra a expansão da facção criminosa no DF. Algemados, os quatro foram colocados em um comboio fortemente armado, que segue para o presídio (fotos abaixo). Em fevereiro deste ano, Marcola, que estava cumprindo pena na Penitenciária II de Presidente Venceslau, em São Paulo, foi levado para Porto Velho, em Rondônia.

De acordo com o Ministério, “a ação é parte dos protocolos de segurança pública relativa à alternância de abrigo dos detentos de alta periculosidade ou integrantes de organizações criminosas, entre as unidades prisionais federais”.

A transferência de Marcola não foi comunicada com antecedência ao Governo do Distrito Federal (GDF). O avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) com o líder da facção pousou, por volta das 13h20, trazendo preocupação às autoridades brasilienses. O secretário de Segurança, Anderson Torres, fará uma reunião de emergência com o governador Ibaneis Rocha (MDB) na noite desta sexta-feira (22).

Segundo o secretário, devido à chegada inesperada, as forças locais não tiveram condições de fazer os preparativos necessários para evitar que a influência do líder criminoso gere insegurança na cidade. “Agora, precisamos de ajuda efetiva do Governo Federal, com recursos, equipamentos e pessoal qualificado. Isso é fundamental para nos adequarmos a essa nova realidade, que não estava prevista. O DF já enfrenta uma crise financeira e precisamos de apoio efetivo da União”, afirmou Torres.

Nossa Inteligência já mapeou que os presos atuais do presídio federal já causam impactos reais no DF. Não tenho dúvida que a tendência agora é que esta influência se agrave. Afinal, o líder do PCC agora está em Brasília"
Anderson Torres, secretário de Segurança

O governador Ibaneis Rocha (MDB) ficou indignado com a novidade: “Eu tenho de zelar pela população brasiliense, por 186 representações diplomáticas, pelo Congresso Nacional, pelo Palácio do Planalto. É inadmissível aceitar a instalação do crime organizado na capital da República”. Segundo Anderson Torres, o governo está calculando o impacto da transferência e quais medidas deverão ser tomadas para garantir a segurança da população.

Preocupação
Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) também se manifestou contra. O presidente da entidade, Délio Lins e Silva Júnior, disse que a ida de presos como Marcola para qualquer penitenciária acarreta deslocamento das facções para as unidades da Federação. “Existe essa movimentação e crimes estão ocorrendo fora do padrão no DF. A preocupação da OAB é principalmente com a sociedade”, ressaltou.

“Acreditamos que a chegada do Marcola pode fortalecer os faccionados perante os outros criminosos de Brasília. A Polícia Civil vai continuar fazendo trabalho intenso para evitar a instalação dessa organização aqui”, ratificou o delegado Leonardo Cardoso, titular da Coordenação Especial de Repressão à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública e Contra a Ordem Tributária (Cecor).

 

Reprodução/Twitter

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300 anos
Marcola foi preso pela primeira vez pela polícia paulista no final da década de 1990 por roubos a carros-fortes e bancos. Já na prisão, também foi condenado por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. Até hoje, no entanto, Marcola nega que seja chefe da facção criminosa.

Recentemente, foi condenado a 30 anos de prisão no processo da Operação Ethos, que investigou o setor jurídico da organização criminosa e, com essa decisão, o total das penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.

Para justificar a transferência de Marcola de Presidente Venceslau, promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que a organização planejava resgatá-lo. De acordo com eles, foram gastos dezenas de milhões de dólares no plano, investindo em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal.

Em fevereiro, chegaram os primeiros criminosos na penitenciária federal. Confira as fotos: