15/04/2019 às 07h29min - Atualizada em 15/04/2019 às 07h29min

Preso por roubo, ex-presidente do BRB tem salário mensal de 35 mil

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ramoia é um substantivo feminino. Define pessoas que fazem maquinações secretas com objetivo de iludir, enganar, roubar, corromper. Quem trama é uma pessoa ardilosa, que normalmente tem cartas na manga para, mesmo descoberto e encarcerado, manter algumas garantias e regalias.

Um exemplo desse ardiloso inimigo da sociedade atende pelo nome de Vasco Cunha Gonçalves, ex-presidente do Banco de Brasília. Ele está preso em uma cela da Papuda desde que foi deflagrada a Operação Circus Maximus.

A acusação é de corrupção, ocultação de bens, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha… Contudo, apesar disso tudo, Vasco mantém um gordo salário no BRB. Algo em torno de 35 mil reais, que o atual presidente, Paulo Henrique Rodrigues Costa, autorizou que fosse pago todos os meses, religiosamente em dia.

Vasco e seu sucessor se conheceram à época em que Paulo Henrique era vice-presidente de Clientes, Negócios e Transformação Digital. Até aí, nada de anormal. É comum dirigentes do mercado financeiro trocarem figurinhas e confidências em torno de interesses mútuos, principalmente quando se tratam de dois bancos públicos.

Entretanto, servidores do Banco de Brasília questionam essa regalia, criada pelo próprio Vasco. E o salário, correspondente ao de um superintendente do banco, está garantido por dois anos a contar da saída da instituição. E é pago todo mês, independente de estar preso ou não. Independente de ter dado prejuízo de milhões de reais ao BRB.

Esse dinheiro extra foi assegurado por ato normativo interno, assinado por Vasco Rodrigues. Não faz parte dos estatutos do BRB como uma situação permanente. Não tem amparo legal. E por isso sua validação por Paulo Henrique vem causando estranheza.

Para deixar o quadro mais sombrio, sabe-se agora que Durval Garcia Filho, diretor-jurídico do BRB, é um dos advogados do ex-presidente preso.

Durval atua na condição de advogado particular. Ocorre que ninguém entende como ele faz isso, já que, por lei, ele deve cumprir expediente integral no banco. Agir como defensor de Vasco não é ilegal, admitem fontes do BRB. Mas que passa longe da ética, disso ninguém duvida.

Mas, como diretor do BRB ganha mais do que superintendente, admite-se, embora remotamente, que Durval terceirize o serviço e apenas use seu prestigio no campo do direito civil e criminal para tirar Vasco das grades.

Quanto a garantir os 35 mil reais na conta mensalmente, esse é um mistério que todo mundo quer decifrar. Talvez isso faça parte dos muitos segredos prometidos de irem para o túmulo entre dirigentes de bancos públicos.


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