O Tribunal do Júri de Ceilândia condenou o ex-policial militar Ronan Menezes a 21 anos e 9 meses de reclusão em regime inicial fechado pelo feminicídio de Jessyka Laynara e pela tentativa de homicídio do personal trainer Pedro Silva Torres.
Ronan ainda responderá por ameaça à vítima, crime pelo qual pegou pena de 2 meses e 7 dias de detenção. A decisão foi proferida pelo juiz Tiago Pinto de Oliveira na madrugada desta terça-feira (30/04/2019) após quase 20 horas de julgamento. Os jurados não acataram o pedido de absolvição solicitado pela defesa do acusado.
No julgamento, Ronan se pronunciou sobre o crime pela primeira vez desde o assassinato. “Eu sei o que fiz, mas criaram uma história para que eu parecesse um monstro. Não estou aqui para me eximir do que fiz. Aconteceu um feminicídio e uma tentativa de homicídio sim, mas não sou um espancador. Não buscaram a verdade.”
Questionado sobre os fatos, Ronan negou que tivesse a intenção de matar. Ele detalhou, diante do juiz, que houve uma discussão entre ele e a ex-namorada momentos antes, quando tomou o celular dela.
“Quando peguei o celular, vi que não parava de chegar mensagens. Parei o carro e vi que eram mensagens do Pedro chamando ela de amor e ela o chamando de amor. Fui atrás dele na academia, passei pela catraca e o confrontei. Ele negou, tirei o celular dela e mostrei para ele, disse que tinha visto tudo”, narrou o ex-PM.
Ronan continuou: “Eu o xinguei e ele partiu para cima de mim. Levantei a arma e falei para se afastar. Foi quando atirei, mas se eu quisesse matar, continuaria atirando. Ali eu vi que ele poderia pegar minha arma e tentar me matar. Para eu sair da academia, tinha que passar por ele”.
Logo depois Ronan partiu em direção à casa de Jessyka. “Cheguei lá, buzinei e ninguém saiu. Uma menina que eu nunca tinha visto abriu o portão, entrei e chamei pela Jessyka. Quando ela apareceu, contei que tinha atirado no Pedro e entreguei minha arma a ela”, afirmou o ex-PM.
Perante o júri, Ronan disse que, em seguida, “Jessyka sorriu, falou que estava esperando para entrar no concurso dos bombeiros e que eu era muito idiota”. “Depois disso, não lembro como ocorreram os disparos, só sei que tomei a arma dela. Meu pensamento depois foi que eu tinha que me matar. Estava na cabeça que eu tinha que fazer isso. Liguei para o meu pai para me despedir.”
Ainda durante a fala, o acusado fez juras de amor a Jessyka. “É a pessoa que eu amo até hoje. Foi um momento de loucura, de descontrole. Era minha vida. Sempre fomos muito próximos. Tudo de bom que eu lembro vem ela na minha cabeça. Por isso não entendo quando foi que a gente se perdeu.”
Confrontado pelo MPDFT sobre as acusações de agressão anteriores, ele confessou. “Realmente eu a agredi. Mas em momento nenhum houve disparo, coronhada, chute… Dei dois tapas na cara dela e a joguei no chão.”