01/05/2019 às 19h21min - Atualizada em 01/05/2019 às 19h21min

Destinar maioria da verba publicitária para a grande mídia é mau negócio para Bolsonaro

Ronaldo Nóbrega
COLUNA POLÍTICA

Embora Jair Bolsonaro tenha se elegido sem o apoio dos grandes canais de mídia, o dinheiro do governo para a publicidade oficial permanece nas mãos dos grandes conglomerados publicitários. Segundo dados da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), no primeiro trimestre de 2019 foram veiculados R$ 13,3 milhões reais em publicidade, o que significou uma redução de 60% dos gastos se comparado com o ano anterior (2018) na gestão de Michel Temer.

Mesmo assim, desses 13,3 milhões, mais de um terço (R$ 4,5 milhões) são destinados a 3 grandes conglomerados. Para a Rede Globo foram destinados mais de 1,9 milhão, ao SBT o gasto total somou 1,4 milhão e para a Record foram mais de 1,2 milhão. Essa concentração de dinheiro (34%) em poucas empresas de mídia não reflete o apoio dos canais independentes, das redes sociais, de portais de notícias e de outros veículos não tradicionais que defenderam Bolsonaro nas eleições.

Segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, os gastos do governo são muito maiores nesse primeiro trimestre de 2019, cerca de 75 milhões de reais. Porém, o dinheiro para os conglomerados permanece igualmente concentrado (33%). Independentemente dos dados, isso demonstra que as alterações promovidas na Secretaria Especial de Comunicação, vinculada ao Palácio do Planalto, ainda não surtiram efeitos para mudar a forma como o governo se comunica com a população.

É sabido que, cada vez mais, as redes sociais são a principal forma de penetração das informações. Esse panorama, no Brasil, é especialmente relevante em virtude da crescente expansão do acesso à internet e da utilização de mídias digitais. O governo precisa dar o devido valor aos pequenos e médios veículos de informação que foram determinantes para a vitória do Presidente da República e de tantos outros parlamentares que compõe a base do governo.

A Secom deve fomentar políticas públicas que visem descentralizar recursos publicitários e pulverizá-los para vários outros canais. Essa estratégia de comunicação é utilizada com sucesso em vários países que se preocupam em não conferir demasiada força a poucas empresas de mídia. Tradicionalmente, a Rede Globo abocanhava quase a totalidade de toda a verba publicitária oficial do governo. Com a mudança de paradigma e redução de custos, a Globo busca atacar o governo para voltar a ter seu monopólio. O momento atual é de quebrar cartéis, monopólios e oligopólios, principalmente o midiático numa era de guerra de narrativas.    


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