A maioria dos analistas políticos, especializados no desempenho dos representantes do Distrito Federal na casa da democracia, entendem que no Senado há “cabeça de burro enterrada”. As três cadeiras reservadas à capital brasileira são frequentemente ocupadas por dois perfis de gente: aqueles que ganham o apoio popular como prêmio de consolação, para viver numa espécie de asilo de benfeitores; e aqueles que despejam milhões de reais em campanhas para convencer muito bem os eleitores de que, embora com fama de malfeitores, poderão elevar o seu poder e fortuna para comprar a felicidade e distribuir alegria a todos.
Os primeiros – benfeitores – já cumpriram seu papel na sociedade, já fizeram algo notável ou são simpáticos, talvez oprimidos, têm reconhecida honestidade, merecem descansar um tempo, gozar de férias remuneradas. Assim pensam os eleitores e eles próprios. Os outros – malfeitores – buscam a imunidade parlamentar e praticam a ginástica da impunidade sobre seus crimes. E ainda sobra tempo para uns negocinhos secretos que rendem milhões não declarados.
O Distrito Federal é um celeiro das duas espécies. De um lado, perde pela inércia, consagrada desde sempre. De outro, perde pelos desmandos, alguns punidos nos últimos anos. Em comum têm a capacidade de pouco defender os interesses do Distrito Federal. Basta dividir ao meio, com um risco, uma folha de papel e ir numerando quem vai ocupar cada um dos lados. É fácil e pode dar empate entre aqueles que não fazem nada e os que fazem tudo que não deveriam fazer. Ambos mais cedo ou mais tarde serão punidos, de uma forma ou de outra.
O eleitorado candango deu um exemplo contrário ao quesito cota – uma abominável criação nacional, discriminatória, injusta e segregadora – ao eleger mulheres para 60% das oito vagas na Câmara Federal e 30% no Senado. Prova de que o sistema de cotas, nesse caso, nenhuma influência teve no resultado. O mérito foi das mulheres, não das cotas.
Dona de incontáveis medalhas, participante de três Olimpíadas (Barcelona, Atlanta e Sidney), não teve popularidade suficiente, além das milhares de selfies, para ser eleita deputada distrital. Ao ser retirada da disputa pela Câmara Legislativa para a Secretaria de Esporte do DF, pelo então governador Rollemberg, Leila descobriu que o novo emprego era muito melhor que suar todo dia e, sem treinar o suficiente como vereadora calanga, entrou para o time do Senado, eleita por 467.787 torcedores.
Mandou Cristovam Buarque para o banco e o resultado, até agora, é o sentimento dos eleitores de que trocaram seis por meia dúzia. A camisa que veste é a mesma. Buarque já havia cansado sua torcida e esgotado seu prêmio de consolação, que ganhou depois de expulso do Palácio do Buriti, exatamente pela reconhecida inércia professoral.
Até agora os mais atentos não sabem se a famosa Leila do Vôlei sabe o que fazer, como fazer, se poderá fazer, se deseja fazer, ou se a sua intenção é ficar pelo nobre ambiente, sem levantar nem cortar, com contrato garantido por oito anos, apenas exibindo suas dezenas de medalhas.
Buarque já havia cansado sua torcida e esgotado seu prêmio de consolação, que ganhou depois de expulso do Palácio do Buriti, exatamente pela reconhecida inércia professoral. Até agora os mais atentos não sabem se a famosa Leila do Vôlei sabe o que fazer, como fazer, se poderá fazer, se deseja fazer, ou se a sua intenção é ficar pelo nobre ambiente, sem levantar nem cortar, com contrato garantido por oito anos, apenas exibindo suas dezenas de medalhas.
O Distrito Federal não suporta mais a ausência de representatividade parlamentar na principal Casa legislativa. Nem a presença de senadores sujeitos à cassação e perda de mandatos, como ocorreu no passado. Rollemberg é ainda considerado um indivíduo da primeira espécie de gente e assim foi seu comportamento nos cargos que exerceu. Pensava: “Quando não há o que fazer, e é possível não fazer, não faça nada”.
Não faltam exemplos no Senado com esse perfil. O problema da Leila do Vôlei (e da população do DF) é que ela tem como treinador no Senado exatamente Rodrigo Rollemberg. Ao que tudo indica, a atleta de alta performance já entendeu que para a posição agora escalada é suficiente um baixo rendimento. Ou nenhum.
Só para registrar, ela foi eleita pela Rede, além do PV, PCdoB, PDT, partidos coligados ao seu PSB, tradicionais socialistas cuja doutrina é desconhecer o trabalho produtivo e adorar bons empregos, segundo as más línguas. Fica a impressão de que ela foi muito bem treinada para ganhar tempo, sem marcar pontos, e tentar um empate. Quem não sacou nada até agora foi o eleitor, que está pagando caro pelo ingresso. Dela.
** Matéria alterada às 23h20 para correção de informação