14/06/2019 às 14h56min - Atualizada em 14/06/2019 às 14h56min

Novo diretor do HRT já foi preso pela PF e condenado por fraudes

Detido em 2011 no âmbito da Operação Geleira, Valdir da Costa foi acusado de integrar esquema de comercialização de notas fiscais frias

O novo diretor do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) já foi preso pela Polícia Federal por suspeita de desvios de recursos públicos na prefeitura de um município do Piauí. Em 2011, Valdir Soares da Costa foi alvo de uma operação batizada de Geleira, que investigava suposto esquema de comercialização de notas fiscais frias em órgãos públicos de várias cidades do estado.

A nomeação de Valdir no comando da terceira maior unidade de saúde da capital do país foi publicada no Diário Oficial do DF (DODF) desta sexta-feira (14/06/2019). Escolhido por Ibaneis Rocha (MDB), ele substituiu o médico Sávio Ananias Agresta.

Médico oncologista, em 2015, já trabalhando no HRT, acabou indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por corrupção passiva referente a suspeitas de fraudes praticadas na unidade que ele agora comanda. Na época, foi investigado por participar de suposto esquema de recebimento de vantagens em troca de ajudar pacientes a furarem a fila da rede pública. Nesse processo, restou absolvido em segunda instância.
 

Ex-prefeito de Uruçuí (PI), cidade a cerca de 450 quilômetros da capital Teresina (PI), o médico foi detido em ação policial que teve como objetivo desarticular uma rede criminosa especializada na comercialização de notas fiscais frias e desvios de recursos públicos federais e municipais de prefeituras do interior do Piauí. Outros 29 políticos do estado também foram investigados.

Naquele mesmo ano, em agosto, a Justiça de Uruçuí acatou um pedido do Ministério Público piauiense para cassar o mandato de Valdir por improbidade administrativa. Além de ser afastado definitivamente das funções, foi condenado a pagar multa; além de ter perdido os direitos políticos por quatro anos.

Em 2012, o Tribunal de Contas do Piauí apontou movimentação indevida de recursos nas contas bancárias do oncologista e ex-prefeito. Somado a isso, o órgão identificou ausência de prestação de contas e falta de comprovantes de despesas. Por essas e outras irregularidades, foi condenado a devolver R$ 17 milhões aos cofres públicos. Valdir recorre da sentença.
 

O outro lado
Procurado, Valdir Soares da Costa alegou ser um injustiçado na operação da PF, pois teria sido dele a iniciativa de delatar a questão das notas frias. “Exonerei seis secretários de uma vez [após a revelação do caso] e eu mesmo passei a investigar. Partiu de mim a denúncia”, defendeu-se. O novo diretor do HRT ainda reclamou que sua cassação não seguiu o rito regimental e isso acabou por prejudicá-lo no ano seguinte, na denúncia do Ministério Público.

“Fui cassado e informado, mas o Tribunal de Contas não foi notificado, então o prefeito que entrou no meu lugar movimentou todo esse valor no meu CPF. A cassação não cumpriu o rito normal e o próprio Conselho Nacional de Justiça investiga essas movimentações desse outro prefeito. Eu estou orientado pelos advogados a não entregar prestação de contas dos tempos em que estive fora, porque seria como assumir uma culpa que não tenho”, justificou Valdir.

Sobre a investigação por fraudes na fila da rede pública quando foi oncologista no HRT, ele afirma ter sido absolvido em segunda instância pela Justiça do DF. “Ali é o seguinte, eles citam genericamente fraudes de atestados e coisas assim, mas a mim não foi imputado nada. Estou compromissado com a verdade”, garantiu. Ele ainda aproveitou para falar sobre suas intenções como novo gestor da unidade. “Quero fazer um grande trabalho, fazendo a fila de cirurgias andar e desobstruir o pronto socorro”, discursou.

Exonerações em série

A rotatividade na direção dos hospitais públicos do DF já virou uma marca dos primeiros meses de gestão de Ibaneis. Com a dispensa de Sávio, o chefe do Executivo local completou oito exonerações no comando das unidades de saúde. Antes de Sávio, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o novo gestor não ficou no cargo nem três meses.

Segundo o governador, o GDF tem tentado melhorar as condições de trabalho dos servidores. Por isso, vai cobrar mais qualidade no atendimento à população. “Sempre que os diretores deixarem de ter carinho com a comunidade serão exonerados. Não vou premiar aqueles que não querem cuidar do meu povo”, afirmou, à época, o titular do Palácio do Buriti.


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