A gota d’água para a queda de Santos Cruz foi uma pequena fortuna por mês. ‘Queremos 320 mil’, disseram, numa primeira conversa, interlocutores bolsonaristas ao então ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República. O general respondeu com um sono ‘Não!”. Numa segunda ofensiva, o valor aumentou em quase 30% – de 320 mil para 400 mil reais. Mais uma vez Santos Cruz foi enérgico. E o primeiro não ecoou mais alto nos corredores palacianos.
Esses quatrocentos mil reais mensais, se aprovados, cairiam na conta de Olavo de Carvalho, ‘guru’ do presidente da República. Em troca, o auto-ditada filósofo produziria e apresentaria um programa para a TV Brasil, emissora do Governo Federal. O projeto também incluía a veiculação nas plataformas digitais do governo.
Os detalhes da tentativa de contratação de Olavo de Carvalho foram revelados pelo site Arepublica.com. Ao bloquear o projeto, supostamente avalizado por Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro e filho de Jair Bolsonaro, o general Santos Cruz, alvo constante de ataques nas redes sociais por Olavo e seus seguidores, não resistiu.
Na tarde da quinta-feira, 13, o general foi informado que estava demitido. Embora tenha assinado o ato de exoneração, não se sabe se o presidente da República tinha conhecimento real dos fatos. Notibras checou a informação, confirmada por oficiais de alta patente.