Além das infrações de trânsito, Willian teve denúncias contra ele registradas na polícia. Uma ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) e homologada no dia 17 de agosto de 2009 atribui a ele a prática de injúria, ameaça e dano, praticados durante a cobrança de uma dívida de R$ 700. Segundo a denunciante, ela estava em casa quando Willian e um homem não identificado invadiram a residência da vítima e ele gritava: “Cadê meu dinheiro”, chegando a ameaçar atear fogo em um videogame que estava ligado.
Conforme o relato da vítima, no momento em que ela se dirigia ao portão, o homem já estava no lote e a xingava de “vadia, safada e vagabunda”, com o dedo em riste e dizendo: “Vou te meter um tiro no meio da boca”.
As ameaças também teriam sido feitas ao marido da denunciante. O casal disse ter tentado chamar a polícia, momento em que Willian teria dito “não ter medo de policial”, pois “quem tem dinheiro não vai preso”. Willian era dono de uma empresa de factoring – que emprestava dinheiro e trocava cheques –, que já encerrou as atividades.
Também há ocorrências policiais contra ele por violação da Lei Maria da Penha, ameaça, dano, lesão corporal e furto de água, luz e sinal de telefone. Todas as denúncias feitas contra o empresário foram arquivadas e nenhuma resultou em processo judicial.
Marina disse que está traumatizada e acredita ter nascido de novo. “Não está doendo nada, só ardendo. Eles me arrastaram e a minha minha cabeça ficou presa entre as rodas do carro. Pensei que fosse morrer”, frisou, enquanto recebia atendimento do Corpo de Bombeiros.
A vítima relatou que trabalhava no local quando o motorista do Mercedes-Benz se aproximou dela e pediu três balões. Enquanto a vendedora separava os itens solicitados, a passageira, no banco do carona, pediu um desconto. Como Marina se recusou a vender o produto mais barato, a mulher, que se chama Larissa Alves de Andrade da Cunha, puxou os balões da mão da idosa e fechou o vidro. Nesse momento, o condutor do carro arrancou em alta velocidade.
O delegado Paulo Almeida, responsável por colher as versões de testemunhas, do autor e da vítima, disse que é preciso amarrar algumas pontas soltas do caso para poder qualificar o crime. Entre as possibilidades, estão lesão corporal, furto e tentativa de homicídio.
“Alguns fatores são considerados agravantes para o caso, como o fato de o autor ter fugido do local sem prestar socorro, o pequeno valor dos objetos, a própria idade da vítima e, também, por ela ter sido arrastada”, pontuou o investigador.
A oitiva do empresário, que se apresentou na 12ª DP nesta terça-feira (18/06/2019), durou cerca de duas horas. Ele confessou que estava dirigindo o veículo na noite do ocorrido. Willian disse ainda que resolveu fazer uma “brincadeira” e não percebeu que a mulher estava presa ao carro.
O Metrópoles telefonou para o advogado de Willian e ele pediu para retornar mais tarde. Foram feitas diversas ligações telefônicas após o primeiro contato, mas ele não atendeu. A reportagem também tentou falar com o homem que atropelou a vendedora por meio dos números informados no CNPJ vinculado a uma antiga empresa da qual ele era proprietário. O telefone é o mesmo que consta nas ocorrências policiais, mas o empresário não atendeu nem retornou.
O caso gerou grande repercussão no Brasil. Inconformados com o episódio, vários leitores do Metrópoles buscaram informações sobre como ajudarMarina. Até mesmo uma vaquinha virtual foi criada para auxiliar a moradora de Taguatinga. Na noite desta terça-feira, as doações ultrapassavam R$ 34 mil.
“Estou surpresa e muito contente com toda a solidariedade que venho recebendo desde sábado. Muitos me procuraram, e assim percebo que ainda é possível acreditar na bondade e compaixão das pessoas”, ressaltou Marina.