01/07/2019 às 07h14min - Atualizada em 01/07/2019 às 07h14min

Lava Jato trava negócio perigoso de 40 mi no BRB

A Assessoria Técnica do Banco de Brasília travou um pedido do presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, para que fosse liberado um empréstimo de 40 milhões de reais para uma empresa aeroportuária. A recusa foi justificada com dois argumentos: 1) operação de alto risco, porque a contratante estaria envolvida na Lava Jato; 2) forma de pagamento.

Um servidor do BRB que teve acesso ao processo e que pediu anonimato, admite que os analistas, por não terem atendido a orientação do presidente, devem ser remanejados para outra área do banco. “O pessoal (da área de análise financeira) prefere uma punição a endossar um negócio perigoso”, disse a fonte.

Temendo maiores represálias, pouca gente dentro do BRB aborda o assunto em detalhes. Soube-se, porém, que o empréstimo seria pago com propaganda, ou seja, o tomador do dinheiro cederia espaço para promover a marca do BRB. Basicamente, a operação seria assim: o banco daria o dinheiro, o cliente faturaria o espaço publicitário, e amortizaria as prestações do empréstimo. Simples assim, na visão do presidente Paulo Henrique Costa. Muito complicado, na visão dos analistas do banco.

O nome do cliente, nem o da agência de publicidade que intermediou o negócio, foram revelados. Mesmo porque, a negociação, sendo ou não efetivada, envolve sigilo bancário. Das grandes empresas que atuam na área aeroportuária do País, a única citada na Lava Jato é a Inframerica. Coincidentemente, dona do Aeroporto JK, em Brasília.

No dia 30 de maio, Notibras publicou denúncia de servidores do banco, indicando que Paulo Henrique havia assinado um contrato publicitário no valor de 60 milhões de reais, válido por cinco anos, para expor a marca do BRB em um um painel do Aeroporto de Brasília. Como é uma ciência exata, a matemática não admite erros: 1 milhão de reais por mês correspondem a 12 milhões por ano. Vezes cinco, 60 milhões de reais.

Agora, com a polêmica empresta-não-empresta os 40 milhões de reais, o caso do painel no Aeroporto JK voltou à tona. E há quem sugira um erro de cálculo no contrato de 60 milhões. É que, como o mandato de um governante é de 4 anos, o contrato do BRB, consequentemente, não poderia chegar a cinco anos. Menos um ano, menos 12 milhões. Os oito milhões de reais que excedem o do valor do empréstimo, seriam os juros. Pagos com o próprio dinheiro do banco, claro.

As duas agências de publicidade que atendem ao Banco de Brasília, procuradas, não responderam até o fechamento desta matéria a e-mail da Redação de Notibras sobre os contratos publicitários. Já a assessoria de Paulo Henrique Costa disse que “as informações de compra de mídia se referem à estratégia negocial do BRB, uma vez que o Banco atua em um mercado de ampla concorrência, e o sigilo dos dados está previsto na Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12527/2011 artigo 23).”


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