A moradora de Cidade Ocidental Islane Rodrigues, 22 anos, que havia denunciado o ex-namorado por tê-la estuprado durante 15 dias, entre abril e maio deste ano, deve ser indiciada por maus tratos contra criança, denunciação caluniosa e fraude processual. Segundo o delegado Daniel Marcelino, da Delegacia de Cidade Ocidental, que apura o caso, a mulher mentiu sobre os crimes cometidos contra ela e as filhas nesta época. No entanto, a estudante de enfermagem ainda será ouvida uma última vez antes das investigações serem concluídas.
“No celular da mãe [Islane], foi encontrado um vídeo em que ela passa mão nas partes íntimas da própria filha com força, antes de ir para a delegacia, com o intuito de tentar forjar contra o investigado que ele teria estuprado a própria filha”, contou o delegado ao Jornal de Brasília.
De acordo com Marcelino, conversas entre Islane e seu ex-namorado Jhonata César, 23 anos, encontradas no celular dela mostram que foi a estudante quem o chamou para sua casa nesta época. “Ela alegou que ele chegou na casa dela e ficou tendo sexo com ela durante 15 dias. Apreendemos, pegamos o celular. Nas mensagens do celular não é essa a história verdadeira. Ela que mandou mensagem para ele, sempre conversou com ele, foi buscá-lo na rodoviária de Brasília e, na mesma casa, ele chegou lá com consentimento”, disse.
“Ela contou mentira que ele a estuprou. Ela o levou para casa, a própria mãe [de Islane] falou que estava na casa”, afirmou. “Nós concluímos que ela mentiu sobre esses fatos”.
Apesar de não ter sido abusada durante estes dias, segundo a polícia, Islane foi vítima de estupro cometido pelo mesmo ex-namorado anos atrás. Conforme explicou o delegado, o áudio em que o ex-companheiro diz a ela que a “estuprou por amor” é referente a este antigo caso e, por este crime, ele deve ser indiciado assim que as investigações forem concluídas.
“No celular, foi encontrado um áudio em que ele diz que, há anos atrás, ele teria tido uma relação sexual com ela sem consentimento, o que é estupro. Mas é um fato de anos atrás”. “Ele alega que realmente teve relação com ela, e vai responder pelo estupro”, afirmou o delegado.
Defesa
Para o advogado do investigado, Daniel Antônio de Sá Silva, porém, a gravação em que Jhonata confirma o estupro não prova que o crime aconteceu. Segundo ele, o ex-namorado de Islane “errou na pronúncia” e citou a palavra estupro erroneamente. “Ele sempre está alegando que não fez. Naquele momento, realmente a voz é dele e ele falou que estuprou por amor, mas ele errou na pronúncia, porque a palavra estupro estava sendo muito falada nos áudios das mensagens anteriores”, defendeu.
“Ele nunca esteve foragido. Desde o momento que ele soube, por meio do Facebook da genitora das crianças, ele já procurou a minha advocacia e nós já procuramos o próprio delegado e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos que fossem necessários”, disse.
Segundo considera o advogado, caso Jhonata seja indiciado, sua inocência será provada. “Mesmo que ele tenha falado, ele é inocente para todos os fins. Ele pode ter falado o que for, quem vai falar se ele é culpado ou inocente, se virar um processo, é o poder Judiciário”.
Ainda de acordo com ele, Islane já tentou incriminar outros ex-companheiros. “Têm ocorrências policiais na própria Delegacia da Ocidental”. “Ela fez a mesma coisa com outro rapaz, mas parece que não tinham elementos informativos para indiciar, desencadear uma ação penal”, afirmou.
Sobre Jhonata, Daniel reforçou que o áudio foi enviado em um contexto em que o rapaz estava embriagado e, que portanto, não é uma prova do crime. “Ele estava em um momento que estava bebendo com a família dele. Aí, ele começa a falar que não estuprou e em um momento ele vai falar alguma coisa, mas a palavra estupro foi por causa da embriaguez. Mas o contexto não tem nada a ver”, justificou.
Nos próximos dias, segundo o delegado do caso, Islane deve ser ouvida novamente. Quanto aos três filhos da mulher, o Conselho Tutelar também irá apurar se as crianças devem ou não continuar morando com a mãe. “Eu perguntei se ela estava fazendo algum tratamento e a mãe dela falou que ela toma algum remédio alguma vez ou outra”, contou o delegado.
“O Conselho Tutelar vai fazer um relatório, já está constatando que o local não é muito adequado para as crianças […] É um caos social que ela está proporcionando neste ambiente para os filhos”, completou.
Procurada novamente pelo JBr, Islane disse que preferia não se manifestar sobre o assunto.