06/07/2019 às 07h21min - Atualizada em 06/07/2019 às 07h21min

A Piada do Ano em Brasília é o diálogo entre Sérgio Moro e Gleisi Hoffmann

As respostas foram diretas: “Em relação às contas no exterior, isso é maluquice”, declarou Moro, que afirmou ‘repudiar’ a pergunta sobre Zucolotto e foi taxativo e felicíssimo ao responder à deputada: “Não sou eu que sou investigado por corrupção”.

José Carlos Werneck
Tribuna da Internet

Ainda está repercutindo muito em Brasília a resposta dada por Sergio Moro a Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT e deputada pelo Paraná, que perguntou ao ministro da Justiça se ele já viajou ao Exterior acompanhado do advogado Carlos Zucolotto a quem o doleiro Tacla Durán, denunciado na Operação Lava Jato, atribui supostos diálogos para intermediar sua delação.

 

“Sua esposa teve escritório com Carlos Zucolotto? Sim ou não? O senhor ou a esposa tiveram ou têm conta no exterior? O senhor já fez viagem ao exterior acompanhado do advogado Zucolotto? Ele já fez pagamentos em favor do senhor nessas viagens?”, questionou a deputada petista, na audiência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na qual Sergio Moro foi ouvido sobre os diálogos a ele atribuídos com procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e divulgados pelo site The Intercept.

 

PERGUNTAS CAPCIOSAS – Gleisi foi incisiva. “Não é verdade que o senhor sempre age corretamente. Temos algumas ações judiciais que já cassaram ações suas.”

 

As respostas foram diretas: “Em relação às contas no exterior, isso é maluquice”, declarou Moro, que afirmou ‘repudiar’ a pergunta sobre Zucolotto e foi taxativo e felicíssimo ao responder à deputada: “Não sou eu que sou investigado por corrupção”.

 

Como se sabe, Gleisi Hoffmann é um dos parlamentares investigados pela Lava Jato que compareceram à Comissão de Constituição e Justiça para tentar tumultuar a oitiva do ex-juiz da maior operação já realizada no Brasil contra a corrupção. A deputada responde à denúncia por propinas recebidas da Odebrecht, em sua campanha ao governo do Paraná em 2014.

 

FOTO NA PORTARIA – Seu marqueteiro admitiu ter ido a reuniões na empreiteira sobre o financiamento de sua candidatura e no local onde funciona a agência de publicidade, um entregador do doleiro usado pela Odebrecht deixou sua foto registrada na portaria.

 

Gleisi nega essa acusação, com veemência. Quanto a Rodrigo Tacla Duran é acusado de intermediar propinas para o MDB e para o suposto operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza, vulgo Paulo Preto.

 

Outro parlamentar que está sendo alvo de muitas piadas é deputado José Guimarães, do PT do Ceará, cujo assessor José Adalberto Vieira foi flagrado em 2005, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com 100 mil dólares na cueca e mais 209 mil reais guardados em uma maleta.

 

PROPINA NA CUECA – Na ocasião, Vieira foi encaminhado à Polícia Federal. Ele estava carregando propina para intermediar um financiamento entre o Banco do Nordeste do Brasil e um Consórcio de Energia. Como naquela época a Justiça não trabalhava com os padrões adotados por Sergio Moro e da equipe da Lava Jato, o petista escapou das penas sob a alegação de que não havia elementos que ligassem o dinheiro na cueca do assessor ao deputado.

 

José Guimarães propôs, durante audiência na Comissão de Constituição e Justiça, que Moro assinasse um termo de compromisso para fazer a entrega de seu celular aos parlamentares.

 

Realmente, o Brasil é o único lugar do mundo onde parlamentares com biografias emporcalhadas interrogam um magistrado que, quando juiz federal, realizou um trabalho exemplar contra a corrupção. Como se dizia, antigamente: “Durma-se com um barulho desses!”


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