A Cachoeira do Urubu é um dos roteiros mais atrativos para turistas e brasilienses. Localizada não muito longe do Plano Piloto, a pequena cachoeira conta com água cristalina, abundância de vegetação nativa e pontos rasos para quem não souber nadar, além de diversas trilhas e locais próximos onde é possível ter uma vista panorâmica da cidade. O roteiro perfeito para o final de semana se não fossem os furtos e assaltos a que banhistas e moradores locais vêm sendo submetidos.
A cachoeira fica no Núcleo Rural Córrego do Urubu, na região administrativa do Lago Norte. A violência não preocupa apenas banhistas, mas também moradores: os relatos incluem invasões, assaltos a carros e perseguições.
Daniela Caribé vive há oito anos no local, e afirma: todo ano ocorrem assaltos, com maior ou menor frequência dependendo da época do ano. Há um ano, ela teve a casa invadida ao sair, perdendo entre os pertences um computador e uma televisão. Sobre a cachoeira, afirma: “Eu vou pouco, infelizmente, eu tenho medo. Mesmo quando vou em grupo, é sem telefone, sem bolsa, sem nada. Ainda este ano, me lembro de sair da cachoeira e encontrar diversos carros com os vidros quebrados.”
A jornalista Denise Griesinger também mora no Núcleo Rural há pouco mais de dois anos. “Desde que eu vivo aqui, eu escuto relatos no grupo de whatsapp da comunidade de assaltos na cachoeira, onde levam celular, máquinas e bicicletas. Também escuto relatos de invasões nas casas quando os moradores estão fora, principalmente onde não tem cachorro”.
Perseguição nas estradas
Todos os moradores entrevistados citaram o caso de um motoqueiro que persegue as mulheres que trabalham nas casas no percurso até o trabalho. A primeira a citar o caso foi Daniela Caribé: “Nesses últimos tempos, tem alguém perseguindo as mulheres entre 7 e 8 horas da manhã na estrada. Ele tem uma moto”. Griesinger também falou do caso: “Faz uma semana ou dez dias que ouvi o primeiro relato, em que uma pessoa assustada gravou no grupo falando que foi perseguida. Três, quatro dias depois aconteceu de novo e hoje aconteceu de novo”.
Ana Carolina mora desde 2010 no córrego, e disse ter ouvido isso também da própria empregada: “Parece que quando elas estão vindo, ele corre atrás com a moto. Estamos nos mobilizando para ver se conseguimos patrulhamento policial no percurso das 7 às 8 horas, que é quando isso acontece”.
O Núcleo Rural Córrego do Urubu é patrulhado pelo 24º Batalhão de Polícia Militar do DF, responsável também por toda a Região Administrativa do Lago Norte e mais o Varjão. O comandante, major Nafêz, também é morador do córrego, e recebeu o Jornal de Brasília no batalhão junto com sua equipe para falar sobre o caso.
Ele afirma que esforços para combater essa criminalidade não faltam por parte do 24º, que vêm alcançando resultados consideráveis em sua área: “Aqui no Batalhão, desde que assumimos o comando em 2017, conseguimos diminuir em mais de 50% todos os índices criminais. Tínhamos um total de 440 ocorrências em 2017, caindo para 230 no ano passado abrangendo toda nossa área. E, este ano, temos a previsão de terminar o ano com 130 ocorrências. Ano passado, o nosso batalhão apresentou o maior índice de redução de crimes no Brasil inteiro”, afirma ele. Pode ser um alento. O atual período de seca, passado o frio, é o ideal para visitar a cachoeira.
A redução nos índices de criminalidade se deve, segundo o major Nafêz, a um esforço conjunto do batalhão com a comunidade e de melhorias na tecnologia, que o major afirma estar tentando implantar também na região do córrego.
Um grupo foi criado no whatsapp com os moradores para que se mantenham informados sobre a segurança no local. Reuniões são realizadas para manter a população instruída. Um drone foi adquirido para auxiliar no patrulhamento. E a Polícia Militar está desenvolvendo um aplicativo para que os moradores possam acioná-la com um único clique no celular.
Mas a criminalidade contra os banhistas é difícil de combater. O principal problema é a dificuldade de acesso de carro até a cachoeira. Não existem estradas que levem até o local.
Também responsável pelo policiamento, a 9ª Delegacia de Polícia do DF não se pronunciou.