28/08/2019 às 06h55min - Atualizada em 28/08/2019 às 06h55min

Modus operandi de maníaco o coloca como suspeito de 12 casos no DF

Acusações são de assédio sexual, estupro e homicídios. Polícia investiga envolvimento de cozinheiro também no desaparecimentos de mulheres

Assassino confesso da auxiliar de cozinha Genir Pereira de Sousa, 47, e da funcionária do Ministério da Educação (MEC) Letícia Sousa Curado, 26, Marinésio dos Santos Olinto, 41, viu o número de acusações contra ele crescer desde que foi preso, na madrugada do último domingo (25/08/2019). Muitas vítimas reconheceram o maníaco após a divulgação de imagem dele na imprensa e, pelo modus operandi do homicida, a Polícia Civil decidiu reabrir inquéritos de três casos, referentes a 2014 e 2015, dadas as semelhanças das circunstâncias das mortes que ele confessou.

Marinésio pode ser o responsável por ao menos 12 ataques a mulheres, incluindo Genir, Letícia e outras que estão desaparecidas até hoje, além de vítimas que conseguiram fugir das agressões do cozinheiro. As acusações vão de assédio sexual e estupro a homicídios.

Investigadores apuram se o destino de Letícia e Genir foi o mesmo de outras duas mulheres que sumiram no DF. Há cerca de um ano e meio, por exemplo, uma babá moradora da Fercal desapareceu no Altiplano Leste, após embarcar num ônibus e descer nas proximidades da Barragem do Paranoá. No dia chuvoso, a mulher pegou uma lotação e nunca mais foi vista.

 

Indícios de participação

A polícia também investiga se o cozinheiro tem relação com com o desaparecimento de Gisvânia Pereira dos Santos Silva, 34. Ela foi filmada por câmeras de segurança num posto de gasolina em Sobradinho, na região da Nova Colina. A gravação de 6 de outubro de 2018, por volta das 4h40, são as últimas imagens conhecidas da mulher.

Em vídeo ao qual a polícia teve acesso, Gisvânia estava acompanhada de um homem. Ele foi identificado à época, mas a polícia descartou a participação dele no sumiço da mulher, pois ela saiu sozinha do posto. O corpo nunca foi encontrado.

O delegado-chefe da 31ª Delegacia de Polícia (Planaltina), Fabrício Augusto Machado, admite que possa haver relação entre os casos: “Ela também estava em um ponto de ônibus, em Nova Colina. A informação é que uma pessoa chegou em um veículo e teria feito a lotação. Tudo indica que tenha sido o Marinésio. Existem várias evidências que levam a crer que ele possa ser o autor”, reforçou.

Crimes semelhantes

Casos ocorridos em 2014 e 2015 seriam arquivados, em função da não identificação da autoria, mas agora têm um suspeito: Marinésio. “Um deles tem a história de uma Blazer, mesmo modelo de veículo usado por Marinésio, que será checada”, disse a delegada Jane Klébia, chefe da 6ª DP (Paranoá), que investiga o caso Genir. A PCDF apura quando Marinésio adquiriu o veículo prata.

Desde que ele foi preso, pelo menos três mulheres foram à 31ª DP e disseram ter escapado dos ataques de Marinésio após aceitarem embarcar no carro dele.

Um dos casos foi de uma jovem de 23 anos, abordada na Rodoviária de Planaltina, no dia 11 de agosto, no mesmo modus operandi: oferecia carona ou se passava por loteiro.

A moça, 23, também foi à delegacia. Ela contou que esperava o transporte quando Marinésio, desconhecido até então da vítima, parou a sua GM Blazer prata e ofereceu carona. Ao perceber que o homem começou a seguir para o Morro da Capelinha, a mulher entrou em pânico e pediu que o criminoso parasse o veículo. “Agora, você vai comigo para lá”, teria dito o acusado, segundo depoimento da jovem.

Ela começou a gritar, dizendo que iria pular do carro. Só então Marinésio resolveu deixá-la sair do automóvel. A vítima conta ainda que não fez registro de ocorrência na ocasião por temer a repercussão do episódio. Após o caso de Letícia vir à tona, reconheceu o acusado e procurou a 31ª DP.

“Falou que eu era lixo”

Uma adolescente de 17 anos, vítima de estupro, reconheceu o maníaco como seu agressor. Em depoimento, a menina afirmou ter sido violentada pelo homem em abril deste ano.

“Peguei o ônibus para ir ao Itapoã. Quando desci na parada, ele passou. Ficou me olhando e me abordou com uma faca. Disse que se eu não entrasse no carro ele ia me matar. Me levou para a região dos pinheiros e me estuprou. Depois, pegou meu pescoço, me jogou para fora e disse que eu era um lixo”, contou a garota, que esteve na delegacia acompanhada da mãe.

De acordo com a mãe da adolescente, a garota mudou completamente o comportamento desde o fato: “Parou de usar maquiagem. Tentou suicídio três vezes. Começou a contar a história dois meses depois do estupro. No momento em que ela me contou, fomos a uma delegacia e ao Conselho Tutelar. Minha filha está tendo acompanhamento psicológico”.

“Ele acabou com a vida dela. Ela chegou e falou que estava com nojo dela mesma, que tinha sido abusada. Ela tem medo de andar, não sai de casa”, desabafou a mulher.