O ex-diretor da agência e outras três pessoas são investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), após denúncia, por agir em benefício próprio, manter relação promíscua com o mercado e perseguir desafetos.
Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles, com base em informações do Portal da Transparência. O canal de prestação de contas do governo federal registrou 12 deslocamentos. Noboru ficou 39 dias longe da ANTT. Em média, gastou R$ 1,3 mil por dia de viagem. Ele esteve, por exemplo, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Porto Alegre, em Campo Grande e em Foz do Iguaçu, entre outros destinos nacionais.
Nesta semana, Noboru está em viagem a serviço, em Porto Alegre, coordenando a reunião técnica preparatória, junto aos representantes dos demais países do Mercosul, para encaminhamentos das propostas a serem aprovadas num próximo encontro.
Fora do Brasil, o assessor técnico passou por Buenos Aires, na Argentina. Lá, ele gastou R$ 5.545,97. Noboru esteve fora da ANTT entre os dias 27 e 30 de maio. Segundo o Portal da Transparência, ele participou da reunião técnica preparatória para um encontro do transporte do Mercosul.
A mais recente viagem divulgada de Noboru custou R$ 6.251,28. O servidor esteve entre os dias 21 e 24 de agosto em Campo Grande e em Foz do Iguaçu. “O servidor participará do 8º Seminário do Corredor Rodoviário Bioceânico Brasil, Paraguai, Argentina e Chile”, destaca o detalhamento do Portal da Transparência.
Um portaria de abril de 2017 estabelece que a chefia das delegações da ANTT em reuniões internacionais, bilaterais ou multilaterais sobre os serviços de transporte internacional terrestre será exercida por Noboru.
Versão oficial
Em nota, a ANTT descartou qualquer irregularidade nas viagens de Noboru. “Todas as viagens realizadas a serviço na ANTT são financiadas exclusivamente com recursos públicos e após o retorno do servidor, conforme determina a Legislação, é realizada a prestação de contas da viagem para auditoria e futura aprovação das diárias e passagens recebidas”, explica o texto.
Segundo a agência, os deslocamentos são para importantes negociações bilaterais ou multilaterais entre países, “o que é feito por meio das reuniões periódicas entre os seus representantes”.
A agência frisa: “Além das reuniões bilaterais periódicas, no atual semestre, o Brasil assumiu a Presidência pro tempore do Mercosul, e assim muitos órgãos estatais estarão realizando reuniões multilaterais em suas respectivas áreas de competência”.
“Cabe ressaltar que tais reuniões são obrigações legais da ANTT e são essenciais para harmonização normativa e para desenvolver o setor de transporte internacional terrestre”, encerra a nota.
Investigação
O MPF está investigando quatro integrantes da cúpula da ANTT. Eles são acusados de agir em benefício próprio, manter relação promíscua com o mercado e perseguir desafetos.
A investigação dura cinco meses e foi revelada pelo Metrópoles na última segunda-feira (16/09/2019). Os procuradores começaram a apurar o caso após uma denúncia anônima, em abril.
Noburu é ex-diretor na ANTT . A assessoria que ocupa atualmente teria sido criada especificamente para ele. Segundo a denúncia, ele atuou para a aprovação de normas para beneficiar sindicatos que realizariam o registro de caminhoneiros e entidades bancárias para o Pagamento Eletrônico do Frete (PEF).
A acusação cita, por exemplo, que Noburu, sua secretária terceirizada e João Paulo (que manteria um relacionamento com a moça) possuem o mesmo carro, da marca Hyundai. Na ação, o denunciante destaca: “Ambos os veículos foram comprados na mesma loja em Goiânia e emplacados em Brasília”. Na PRDF, o procedimento é tratado como apuração de improbidade administrativa no 5º Ofício de Atos Administrativos, Consumidor e Ordem Econômica.