Assessor da ANTT suspeito de improbidade gastou R$ 50 mil em viagens

Os dados fazem parte de um levantamento com base em dados do Portal da Transparência. Noboru Ofugi está em Porto Alegre

23/09/2019 07h30 - Atualizado em 23/09/2019 às 07h30
Alvo de uma denúncia de improbidade administrativa, o assessor técnico para Transporte Internacional da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Noboru Ofugi, gastou R$ 50 mil em viagens em 2019.
 

O ex-diretor da agência e outras três pessoas são investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF), após denúncia, por agir em benefício próprio, manter relação promíscua com o mercado e perseguir desafetos.

Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles, com base em informações do Portal da Transparência. O canal de prestação de contas do governo federal registrou 12 deslocamentos. Noboru ficou 39 dias longe da ANTT. Em média, gastou R$ 1,3 mil por dia de viagem. Ele esteve, por exemplo, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Porto Alegre, em Campo Grande e em Foz do Iguaçu, entre outros destinos nacionais.

 

Nesta semana, Noboru está em viagem a serviço, em Porto Alegre, coordenando a reunião técnica preparatória, junto aos representantes dos demais países do Mercosul, para encaminhamentos das propostas a serem aprovadas num próximo encontro.

Fora do Brasil, o assessor técnico passou por Buenos Aires, na Argentina. Lá, ele gastou R$ 5.545,97. Noboru esteve fora da ANTT entre os dias 27 e 30 de maio. Segundo o Portal da Transparência, ele participou da reunião técnica preparatória para um encontro do transporte do Mercosul.

A mais recente viagem divulgada de Noboru custou R$ 6.251,28. O servidor esteve entre os dias 21 e 24 de agosto em Campo Grande e em Foz do Iguaçu. “O servidor participará do 8º Seminário do Corredor Rodoviário Bioceânico Brasil, Paraguai, Argentina e Chile”, destaca o detalhamento do Portal da Transparência.

Um portaria de abril de 2017 estabelece que a chefia das delegações da ANTT em reuniões internacionais, bilaterais ou multilaterais sobre os serviços de transporte internacional terrestre será exercida por Noboru.

Versão oficial
Em nota, a ANTT descartou qualquer irregularidade nas viagens de Noboru. “Todas as viagens realizadas a serviço na ANTT são financiadas exclusivamente com recursos públicos e após o retorno do servidor, conforme determina a Legislação, é realizada a prestação de contas da viagem para auditoria e futura aprovação das diárias e passagens recebidas”, explica o texto.

Segundo a agência, os deslocamentos são para importantes negociações bilaterais ou multilaterais entre países, “o que é feito por meio das reuniões periódicas entre os seus representantes”.

A agência frisa: “Além das reuniões bilaterais periódicas, no atual semestre, o Brasil assumiu a Presidência pro tempore do Mercosul, e assim muitos órgãos estatais estarão realizando reuniões multilaterais em suas respectivas áreas de competência”.

“Cabe ressaltar que tais reuniões são obrigações legais da ANTT e são essenciais para harmonização normativa e para desenvolver o setor de transporte internacional terrestre”, encerra a nota.

Investigação
O MPF está investigando quatro integrantes da cúpula da ANTT. Eles são acusados de agir em benefício próprio, manter relação promíscua com o mercado e perseguir desafetos.

A investigação dura cinco meses e foi revelada pelo Metrópoles na última segunda-feira (16/09/2019). Os procuradores começaram a apurar o caso após uma denúncia anônima, em abril.

Noburu é ex-diretor na ANTT . A assessoria que ocupa atualmente teria sido criada especificamente para ele. Segundo a denúncia, ele atuou para a aprovação de normas para beneficiar sindicatos que realizariam o registro de caminhoneiros e entidades bancárias para o Pagamento Eletrônico do Frete (PEF).
acusação cita, por exemplo, que Noburu, sua secretária terceirizada e João Paulo (que manteria um relacionamento com a moça) possuem o mesmo carro, da marca Hyundai. Na ação, o denunciante destaca: “Ambos os veículos foram comprados na mesma loja em Goiânia e emplacados em Brasília”. Na PRDF, o procedimento é tratado como apuração de improbidade administrativa no 5º Ofício de Atos Administrativos, Consumidor e Ordem Econômica.

 

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