Em julgamento histórico previsto para terminar somente no sábado (28/09/2019), Adriana Villela ocupa o banco dos réus para se defender das acusações de ser mandante do assassinato dos pais e da empregada do casal, em agosto de 2009. Desde segunda-feira (23/09/2019), a arquiteta senta-se em frente aos sete jurados que decidirão o seu futuro no Tribunal do Júri de Brasília.
Adriana escutou atentamente o que disseram as seis testemunhas de acusação e uma defesa ouvidas até a tarde desta quarta-feira (25/09/2019) e fez anotações em um bloco. Por estratégia da defesa, ela não tem falado com a imprensa durante o julgamento.
A ré usou a mesma roupa nos dois primeiros dias do júri: vestido preto, colar longo e, nos pés, uma rasteirinha verde. O Metrópoles apurou que ela repetiu o traje por se sentir “confortável e básica”. Já nesta quarta, optou por um vestido colorido, colar longo e rasteirinha.
O primeiro e único momento em que ela chorou foi ao ouvir o depoimento da amiga de sua mãe, Rosa Masuad Marcelo, 79 anos, que disse não acreditar que Adriana tenha envolvimento com a morte dos pais.
Nos momentos de pausa definidos pelo presidente do Tribunal do Júri de Brasília, o juiz Paulo Rogério Santos Giordano, Adriana se levantou da cadeira e mostrou-se confortável no plenário, onde circula à vontade, fala com amigos e familiares que estão na plateia. Na tarde dessa terça, ela chegou a tirar uma selfie com duas mulheres no local.
Às vezes, durante a inquirição das testemunhas, Adriana se virou um pouco a fim de conversar com os advogados Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, e Marcelo Turbay, que se posicionam em mesa atrás dela.
No primeiro dia de julgamento, durante o depoimento da ex-chefe de uma divisão da Coordenação de Crimes Contra a Vida (Corvida) e responsável pelas investigações após as trapalhadas no início do caso, das 1ª e 8ª delegacias de Polícia, Mabel de Faria, Adriana ficou visivelmente irritada e proferiu algumas palavras indecifráveis para quem assistia da plateia.
Nesse momento, Turbay interviu para que ela cessasse as manifestações. No dia seguinte, Adriana tentou novamente falar, desta vez após resposta do delegado aposentado e ex-chefe da Corvida, Luiz Julião Ribeiro, para uma pergunta dos jurados sobre como ela teria entrado no apartamento dos pais. O presidente do Tribunal do Júri de Brasília indeferiu o pedido.
O ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, a advogada Maria Villela, 69, e a funcionária da casa, Francisca Nascimento Silva, 58, foram mortos com 73 facadas no total. O caso ficou conhecido como crime da 113 Sul.
No total, sete testemunhas de acusação foram ouvidas entre segunda e quarta-feira: ex-delegado de uma divisão da Corvida Ecimar Loli; José Ribamar Campos Alves, irmão do ex-porteiro do prédio dos Villela e condenado pelo crime, Leonardo Campos Alves; Michele da Conceição Alves, filha de Leonardo; Luiz Julião Ribeiro, delegado aposentado e ex-chefe da Corvida; Renato Nunes Henriques, delegado da Polícia Civil de Minas Gerais; Felipe Maia Ximenes, policial civil do DF; e delegada aposentada Mabel de Faria, ex-chefe de uma divisão da Corvida responsável pela última fase da investigação.
Falta uma pessoa arrolada pelo MPDFT para ser ouvida. Trata-se do papiloscopista da Polícia Civil Rodrigo Menezes de Barros. Ele deve ser inquirido pela acusação e defesa ainda nesta quarta-feira.
Na tarde desta quarta começaram a ser ouvidas as testemunhas de defesa. A primeira arrolada foi Rosa Masuad Marcelo, amiga da mãe de Adriana.
Foram arroladas, ao todo, 17 pessoas pelo órgão, mas 11 acabaram dispensadas. A defesa intimou 22 testemunhas, mas apenas 19 se mantêm passíveis de participarem.
Todas as alegações apresentadas serão apreciadas pelos sete jurados escolhidos. Eles escutam os argumentos e fazem as análises. O grupo ficará incomunicável até o término da sessão, não podendo falar com outras pessoas nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho.
No fim, eles vão responder às perguntas que o juiz presidente fizer. Serão questionados se o delito realmente ocorreu (materialidade), se a acusada cometeu o delito do qual está sendo acusada (autoria), e se ela deve ser absolvida. Também definirão questões relativas a causas de diminuição de pena, atenuantes e possíveis aumentos de qualificadoras.
Diante das respostas, o juiz anunciará o resultado pela absolvição ou condenação de Adriana Villela e, posteriormente, se for o caso, fará a dosimetria da pena, ou seja, calculará a quantos anos a ré será condenada.
Três pessoas cumprem pena pelos assassinatos: Francisco Mairlon; o ex-porteiro Leonardo, com condenação de 60 anos, foi acusado de ser contratado por Adriana para o crime; e Paulo Cardoso, sobrinho de Leonardo e também acusado de esfaquear o trio, condenado a 55 anos de cadeia.