O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o primeiro pregão de dezembro em desvalorização de 0,29%, recuando para 158,6 mil pontos. O dólar, por sua vez, avançou e ficou cotado a 5,35 reais.
No Brasil, os investidores operaram de olho nas falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em evento promovido pela XP. Ele afirmou que “não há qualquer tipo de adição ou modulação em relação à minha última fala na quinta-feira” capaz de alterar a perspectiva de manter a Selic “no atual patamar de 15% ao ano”. O comentário reforça o tom duro do BC em relação ao juros e a manutenção da taxa, em vez de um corte, na próxima reunião.
A fala frustrou os mercados após a divulgação do Boletim Focus semanal, que trouxe uma perspectiva mais otimista. Segundo economistas consultados pela autoridade monetária, o IPCA, índice que mede a inflação oficial do Brasil, deve encerrar o ano a 4,43%, ante 4,45% projetados na semana passada. Há duas semanas, a projeção da inflação do ano entrou no intervalo de tolerância da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O centro da meta é 3%, com teto de até 4,5% ao ano.
“Quando o BC adota um tom mais cauteloso e o mercado reage de forma negativa, significa que ele anseia muito por um corte de juros. É isso que tem movimentado os ativos de risco há pelo menos um ano”, afirma Rubens Cittadin Neto, especialista em renda variável da Manchester Investimentos.
No mercado de ações, os principais bancos do país acompanharam a queda do principal índice da B3. Os papéis do Itaú (ITUB4) desvalorizaram 0,82%, enquanto os papéis do Bradesco (BBDC3; BBDC4) apresentaram baixa de 0,78% (BBDC3) e de 1,53% (BBDC4). O Santander (SANB11) recuou 0,85% e o Banco do Brasil (BBAS3), 0,93%.
No exterior, as atenções também se voltam à política monetária. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, banco central americano, discursará hoje, às 22h. Os investidores devem analisar se haverá alguma pista de quando o Fed irá pausar o corte de juros. Para a próxima reunião, ainda neste mês, 87,6% dos investidores esperam um corte de juros de 0,25 ponto porcentual, de acordo com a ferramenta FedWacht.
A fala acontecerá no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que já se decidiu sobre quem vai ser o próximo a ocupar o posto após a saída de Powell, em 15 de maio de 2026. O próximo presidente da autoridade monetária deve ser mais agressivo na postura em favor de cortes de juros, uma vez que é a medida defendida por Trump.








