Principal banqueiro russo diz que UE enfrentará 50 anos de litígio se usar ativos congelados da Rússia
MOSCOU, 1 Dez (Reuters) – Andrei Kostin, um dos principais banqueiros russos, disse que Moscou retaliaria se a União Europeia usasse os ativos soberanos russos congelados para um empréstimo à Ucrânia, e disse que Moscou poderia desencadear meio século de litígio sobre o dinheiro.
Em uma cúpula em outubro, os líderes da UE tentaram chegar a um acordo sobre um plano para usar 140 bilhões de euros em ativos soberanos russos congelados na Europa como um empréstimo para Kiev, mas não conseguiram obter o apoio da Bélgica.
De acordo com o plano da UE, os ativos congelados do banco central russo na Europa seriam emprestados à Ucrânia para que Kiev os usasse para defesa e necessidades orçamentárias regulares.
“Quanto ao confisco de nosso dinheiro, no final das contas, podemos nos virar sem ele. O único problema é que esse dinheiro pode ser usado para a guerra, não para a paz”, disse Kostin, falando antes da visita do enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, a Moscou.
“É conveniente travar uma guerra não apenas com as mãos dos outros, mas também com o dinheiro dos outros — essa é a maior sutileza da Europa. Mas não pode haver justificativa para isso.”
Litígio de 50 anos
Kostin disse que a Rússia retaliaria essa utilização confiscando ativos de propriedade de investidores europeus na Rússia e acrescentou que “50 anos de litígio” poderiam se seguir mesmo depois que a paz na Ucrânia fosse alcançada.
Ele disse que a Rússia deveria ser mais ativa ao processar a UE, a Bélgica e a Euroclear por causa dos ativos em tribunais russos e internacionais, e sugeriu uma ação judicial no tribunal das Nações Unidas.
Kostin, um dos banqueiros mais poderosos da Rússia, estava mais aberto à ideia de dividir os ativos soberanos da Rússia como parte de um acordo mais amplo para alcançar a paz na Ucrânia.
Uma versão inicial do plano de paz apoiado pelos EUA, publicada na mídia, sugeria que US$100 bilhões dos fundos congelados seriam investidos na reconstrução da Ucrânia, com parte do restante dos fundos investidos em um fundo conjunto EUA-Rússia.
“Se a Rússia concordar e estiver pronta, com certeza. É uma questão de acordos”, disse Kostin. Ele disse que a visita de Witkoff a Moscou era importante e que a Rússia estava pronta para fazer concessões nas negociações, mas chegar a um acordo levará tempo.
“Mais cedo ou mais tarde, chegaremos a um acordo. A vida mostra que é preciso buscar compromissos. A Rússia também está pronta para eles, pois não existe movimento unidirecional nas negociações”, disse Kostin.








