Pesquisa investiga moléculas de vespa para autismo
Estudo da UnB avalia potencial terapêutico de moléculas inspiradas em veneno de vespas.
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento caracterizada por dificuldades de comunicação e interação social, além de comportamentos repetitivos. Apesar dos avanços, não há tratamento farmacológico específico para o transtorno. As terapias medicamentosas disponíveis visam amenizar sintomas associados.
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) exploram caminhos terapêuticos no TEA. O projeto avalia o potencial dos neuropeptídeos NeuroVAL e Protonectina-F, inspirados em moléculas presentes na peçonha de vespas sociais, tanto em suas formas livres quanto associados à nanotecnologia.
O apoio da fundação foi essencial para a viabilização do estudo, permitindo a manutenção de equipamentos, a síntese dos peptídeos, o desenvolvimento dos nanossistemas e ações de divulgação científica. Os resultados abrem perspectivas para novas linhas de investigação, incluindo aplicações dos peptídeos em outros transtornos neurológicos.
A motivação para estudar os neuropeptídeos NeuroVAL e Protonectina-F no contexto do TEA está relacionada às lacunas nas terapias farmacológicas atuais. O transtorno envolve alterações em múltiplos sistemas de neurotransmissão. O NeuroVAL, foi inicialmente estudado em modelos de dor, onde demonstrou efeito analgésico sem apresentar efeitos adversos relevantes. Já a Protonectina-F também apresentou atividade neuroativa.
A hipótese central do estudo é que esses peptídeos possam modular simultaneamente diferentes sistemas neurotransmissores alterados no TEA, contribuindo para a melhora de comportamentos sociais, redução da ansiedade e diminuição de comportamentos repetitivos.
O estudo utiliza um modelo animal de transtorno do espectro autista induzido, permitindo investigar mecanismos neurobiológicos e testar potenciais abordagens terapêuticas.
Os resultados preliminares indicaram maior interação social, redução de comportamentos repetitivos e menor ansiedade nos animais tratados, revelando um potencial terapêutico significativo.
Para superar essa limitação, o projeto associa os neuropeptídeos à nanotecnologia, utilizando sistemas como quitosana e partículas lipídicas sólidas. Esses nanossistemas favorecem a administração intranasal, uma via especialmente promissora para doenças do sistema nervoso central.
Além dos avanços científicos, o projeto tem impacto direto na formação de recursos humanos. Bolsistas de iniciação científica, mestrado, pós-doutorado e apoio técnico participaram ativamente da execução experimental, análise de dados e redação científica.








