Terça-feira, 23/12/25

CBS é acusada de ‘censura corporativa’ após barrar reportagem sobre prisão de El Salvador

CBS é acusada de ‘censura corporativa’ após barrar reportagem sobre prisão de El Salvador
CBS é acusada de ‘censura corporativa’ após barrar reportagem sobre – Reprodução

A CBS enfrenta críticas após cancelar, de última hora, a exibição de uma reportagem do programa “60 Minutes” sobre a mega penitenciária salvadorenha, para onde o presidente Donald Trump enviou imigrantes sem documentos.

O material, que seria exibido na noite de domingo, daria voz a venezuelanos expulsos dos Estados Unidos em março e levados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) em El Salvador.

A prisão, símbolo da política de segurança do presidente Nayib Bukele, tem sido alvo de denúncias de torturas e violações dos direitos humanos.

A emissora informou que o segmento será exibido “em uma próxima edição”.

Um vídeo de 13 minutos sobre o Cecot com o logotipo do “60 Minutes” circulou nas redes sociais X e Reddit na noite de segunda-feira, depois que, segundo relatos, o trecho foi exibido na emissora canadense Global TV.

A CBS, adquirida neste ano pela família de Larry Ellison, uma das pessoas mais ricas do mundo e um importante doador de Trump, afirmou que a reportagem exigia “informações adicionais”.

No entanto, segundo Sharyn Alfonsi, a decisão teve motivação política. Ela afirma que Bari Weiss, editora-chefe da CBS News, bloqueou a exibição, apesar de o material ter sido aprovado pelos advogados corporativos.

Em um e-mail interno citado pela imprensa americana, Alfonsi escreveu que a reportagem “é factualmente correta” e que retirá-la após rigorosas verificações “não corresponde a uma decisão editorial, mas a uma decisão política”. Para ela, ao não exibir um conteúdo já anunciado, “o grande público verá isso, com razão, como uma censura corporativa”.

O caso ocorre em meio a grandes negociações no setor de mídia nos Estados Unidos. A Paramount, controladora da emissora, foi comprada pela Skydance e agora busca adquirir a Warner Bros Discovery, em uma disputa bilionária que acompanha de perto o presidente republicano e que pode depender de aval regulatório.

Trump também tem histórico de embates com o “60 Minutes” e, meses atrás, a Paramount aceitou pagar 16 milhões de dólares (R$ 89 milhões) para encerrar um processo movido por ele, no qual alegava manipulação de uma entrevista com Kamala Harris.

Em resposta, Weiss disse ao The New York Times que o segmento será exibido “quando estiver pronto” e afirmou: “Reter histórias que não estão prontas por qualquer motivo – por exemplo, por falta de contexto suficiente ou por carecerem de vozes críticas – acontece todos os dias em todas as redações”.

T LB

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *