Moradores da comunidade Santo Antônio, localizada dentro da RDS (Reserva de Desenvolvimento Sustentável) Rio Negro, no Amazonas, tentam expulsar uma ONG que ergueu e cercou duas casas na área
A ONG alega que as edificações foram autorizadas pela comunidade. Mas a segunda casa (de 150 m²), que deveria ser uma escola técnica, se tornou a residência do casal americano que administra a ONG.
A RDS é uma área pública gerida pela Sema (Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas), que informou ao UOL saber do conflito desde o ano passado. Em junho de 2025, a pasta fiscalizou a região e constatou que as casas “foram construídos sem licenciamento, com danos à vegetação nativa”.
Pelas irregularidades, o Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) multou a ONG em R$ 56,5 mil e deu ordem de interdição e desocupação dos imóveis —a entidade recorreu e continua no local.
A ONG citada é a GTN (Global Thinkers Now) Brasil, formalizada no país em 2017, mas que começou seus trabalhos ainda como braço da entidade dos EUA, em 2015. Ela alega ser vítima de uma campanha difamatória da associação local e diz que vai lutar para se manter na região.
O que diz quem mora na região
Os moradores reclamam que a ONG deixou de fazer serviços para a comunidade e passou a agir de forma estranha.
“Eu sei que nós autorizamos a presença, mas eles não fizeram a escola. Fizeram foi uma mansão para o casal dono da ONG. Não posso deixar que um erro lá atrás prossiga, por isso procurei as autoridades”, afirma Mariete Miranda Pontes, 49, presidente da Associação de Produtores Agrícolas da Comunidade do Santo Antônio.
Mariete diz que a área entre as casas foi cercada e, entre elas, foi feita uma pequena ponte, às margens do rio Negro, sem autorização da comunidade. “A cerca dificulta a passagem para quem vem da cidade [de Novo Airão] porque o nosso porto é lá”, diz.
Correio de Santa Maria, com informações da Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas