Sexta-feira, 05/09/25

Moradores da Ocupação Itaipu, em Goiânia, denunciam demolição de casas pela prefeitura

Moradores da Ocupação Itaipu, em Goiânia, denunciam demolição de casas pela prefeitura (Foto: Caíque Thomé)

Município afirma que derrubou edificações em fase inicial e não habitadas por determinação do Ministério Público

Moradores da Ocupação Itaipu, próximo ao Real Conquista, em Goiânia, denunciam que a prefeitura demoliu casas no local onde vivem 40 famílias desde 2023. O caso aconteceu na terça-feira (26) e, segundo os ocupantes, máquinas chegaram no local às 9h e derrubaram duas residências. Em nota, o município reforçou se tratar de uma “ação de demolição de edificações em fase inicial e não habitadas”, por determinação do Ministério Público de não ampliação de construções (posição completa no fim da matéria).

Entre as casas derrubadas, inclusive, uma estava com móveis e a outra em construção para substituir um barraco de madeirite, conforme relato por fontes da ocupação. A população local ainda alega que não havia ordem judicial e não foi dado qualquer aviso. “A gente queria sair do barraco, que não aguenta chuva, para ir para casa”, revela o morador que teve a residência em obras destruída. Ele vive no local desde outubro de 2023 com cinco pessoas.

Os moradores teriam atuado para impedir a destruição de outras casas. “Eles desistiram de derrubar uma casa ao lado. Tinha quatro crianças dentro. Começamos a construir, porque o prefeito Sandro Mabel disse que precisávamos melhorar a ocupação. Aqui só tinha mato e lixo [antes dos moradores]”, disse uma moradora. “Acordamos com um ‘não bom dia’. Vieram patrolas, mulheres passaram mal, eu estou gestante… Ninguém está em invasão para fazer graça. A gente precisa, somos de baixa renda. Merecemos uma moradia digna. Por que não quebraram há três anos, quando era lona? Esperaram a gente construir para quebrar”, lamentou outra.

Uma mulher que vive em frente à ocupação afirma que os assentados cuidam do local. “Por que a prefeitura não legaliza? Legaliza e coloca o povo para pagar imposto. São boas famílias, nunca vi bagunça. São famílias humildes que necessitam. Tem 28 anos que moro aqui e fui acolhida [o bairro todo já foi ocupação]. Eles também deveriam ser.” Uma pessoa foi presa durante a operação da prefeitura.

Resposta da prefeitura de Goiânia

A prefeitura, por sua vez, informou que a fiscalização e a demolição das duas casas ocorreram por determinação do Ministério Público para que não houvesse ampliação de construções no local. Além disso, reforçou que não há ordem de desocupação e, quando houver, será comunicada previamente e feita de forma humanizada. Ressaltou, ainda, que a ocupação ocupa área destinada à praça pública, com área de preservação permanente.

Ainda sobre as duas casas demolidas, o município enfatizou que uma delas estava em construção e que ao ocupante do barraco foi sugerido a não ampliar, mas reformar o local onde vive. Sobre a outra, informou que havia apenas uma rede e uma cadeira dentro dela, e que o responsável vivia em outro lar, mas que queria se mudar. “A ação foi de demolição de edificações em fase inicial e não habitadas. Nenhuma das residências habitadas foi derrubada.”

Por fim, sobre um homem detido, a prisão em flagrante ocorreu por resistência e desobediência, uma vez que ele se agarrou ao maquinário. Ele foi liberado em seguida, disse o município.

Correio de Santa Maria, com informações dos Moradores da ocupação.

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