Domingo, 20/07/25

FAPDF impulsiona parcerias entre universidades e fintechs para inovação no setor financeiro

Ricardo Fernandes Paixão desenvolveu projeto para "aproximar o regulador e o mercado das universidades, colocando os alunos em contato direto com os desafios da inovação financeira" | Foto: Divulgação/FAPDF

Iniciativas como o Lift Learning, o Cria e o Criptolab aproximam estudantes, pesquisadores, reguladores e profissionais da segurança pública na criação de soluções com impacto direto na sociedade

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) tem apoiado projetos que conectam universidades, o setor financeiro e o mercado para o desenvolvimento de soluções aplicadas com impacto social e regulatório. Um dos exemplos é o Lift Learning, programa que aproxima estudantes universitários das fintechs (empresas que utilizam tecnologia para oferecer serviços financeiros de forma inovadora e acessível) para o desenvolvimento de soluções tecnológicas com foco em finanças e direito.

A iniciativa é conduzida pelo professor Ricardo Fernandes Paixão, servidor da Câmara dos Deputados e docente do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), em parceria com o Banco Central do Brasil. Entre os cases de maior destaque do programa está a Enter, startup criada por Mateus Costa-Ribeiro, então bolsista do Lift Learning. A empresa aplica inteligência artificial para ajudar grandes companhias em defesas jurídicas, especialmente em ações trabalhistas e de consumidores.

O projeto teve início no ambiente acadêmico, com apoio da FAPDF, e ganhou força durante o MBA de Mateus em Stanford, nos Estados Unidos. A qualidade da solução chamou a atenção da Sequoia Capital, uma das maiores firmas de venture capital do mundo — investidora de empresas como Google e Apple. A Enter recebeu um aporte de US$ 5 milhões, consolidando-se como um exemplo internacional de inovação nascida em parceria com o setor público.

O Lift Learning nasceu como uma vertente acadêmica do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas (Lift), iniciativa do Banco Central para estimular a aproximação com empresas de menor porte e com o ecossistema de inovação. A versão universitária do laboratório foi criada por Ricardo Paixão e Aristides Cavalcante Neto, servidor do Banco Central, com o objetivo de parear estudantes de engenharia de software e direito com desafios reais apresentados por fintechs. A maioria dos projetos foi desenvolvida por alunos da Universidade de Brasília (UnB) e de outras instituições do país. O programa foi executado com apoio da fundação por meio do edital FAPDF Learning (2022).

“Esse movimento surgiu de uma demanda real: aproximar o regulador e o mercado das universidades, colocando os alunos em contato direto com os desafios da inovação financeira”, explica Paixão. “A ideia sempre foi construir um espaço onde o aprendizado acontecesse na prática, com impacto concreto.”

A atuação de Ricardo também se estende à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com a criação do Cria – Centro de Regulação e Inovação Aplicada, projeto que espelha o modelo do Lift Learning, mas com foco mais acentuado em aspectos regulatórios. A nova frente trabalha, por exemplo, com tecnologias voltadas ao mercado de capitais e soluções como o uso de CPRs (cédulas de produto rural) para facilitar o acesso de pequenos agricultores ao crédito. “O Cria representa um passo à frente: além da inovação tecnológica, temos um olhar regulatório mais profundo, construindo soluções com potencial de transformar o mercado de capitais brasileiro”, afirma.

Outro braço do programa é o Criptolab, iniciativa voltada à realização de treinamentos para forças de segurança pública sobre o uso de criptoativos e os riscos associados à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. “A gente viu como isso está sendo utilizado e como é necessário. Recebemos feedbacks de todo o país, inclusive de policiais do Amazonas, de Santa Catarina e do Paraná. Agora, vamos levar os treinamentos para São Paulo, Rio de Janeiro e outras regiões com maior concentração de crimes financeiros”, explicou Vitor Fernandes Gadelha, membro da equipe e palestrante do projeto.

Além dos treinamentos, o programa também desenvolve soluções tecnológicas para o mercado de capitais, como um consolidador de CPRs entre entidades registradoras autorizadas pelo Banco Central e pela CVM, pensado para facilitar o acesso de pequenos produtores ao crédito. A proposta busca reduzir a burocracia e os custos de entrada nesse mercado.

Com base nesses três eixos — Cria, Criptolab e desenvolvimento de software — o programa apoiado pela FAPDF amplia o alcance e consolida uma agenda de inovação regulatória com impactos diretos na economia, na justiça e na segurança pública.

As parcerias desenvolvidas com apoio da FAPDF foram fundamentais para o recrutamento de bolsistas e o desenvolvimento de soluções que têm conquistado visibilidade internacional. “Esses projetos permitem que os estudantes se dediquem integralmente às pesquisas, com tranquilidade financeira e inserção prática em desafios reais do setor público e do mercado”, concluiu o professor Ricardo Paixão.

Correio de Santa Maria, com informações da FAPDF

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