Terça-feira, 18/11/25

Aviação transforma lixo em combustível sustentável e reduz emissões

Leandro Costa Criscuolo

O setor de aviação, responsável por 2,5% das emissões globais de carbono, enfrenta a crescente pressão para encontrar alternativas ao querosene tradicional, especialmente diante da projeção de que sua demanda quase dobrará até 2040. Nesse contexto, o combustível de aviação sustentável (SAF) tem ganhado destaque, embora sua adoção ainda seja limitada pelo alto custo e pela disponibilidade restrita, representando menos de 1% do consumo mundial.

Um estudo recente publicado na Nature Sustainability explora o potencial de transformar resíduos sólidos urbanos, incluindo lixo doméstico e matéria orgânica, em uma matéria-prima eficiente e de baixo carbono para a produção de SAF. Pesquisadores da Universidade Tsinghua e do Projeto Harvard-China analisaram a produção de querosene a partir de resíduos urbanos, utilizando gaseificação em escala industrial e síntese Fischer-Tropsch.

A análise do ciclo de vida dessa abordagem revelou que ela pode reduzir as emissões entre 80% e 90% em comparação com o combustível convencional. Jingran Zhang, principal autor do estudo, destaca que a conversão de resíduos diários em combustível pode ser um avanço significativo em direção a uma aviação mais limpa. No entanto, o estudo aponta que a ampliação dos sistemas de gaseificação representa um desafio técnico considerável.

O estudo também avaliou o impacto potencial global da utilização de lixo urbano na produção de combustível para aviação. As estimativas indicam que o lixo urbano mundial poderia gerar até 50 milhões de toneladas de combustível por ano, resultando em uma redução de 16% nas emissões do setor. Ao incorporar hidrogênio verde ao processo, a produção poderia aumentar para 80 milhões de toneladas, suprindo até 28% da demanda global.

Michael B. McElroy, coautor do estudo, enfatiza a necessidade de colaboração entre governos, produtores e companhias aéreas para ampliar essa tecnologia. Ele ressalta que a expansão do uso de SAF, apesar de promissora, dependerá da implementação de políticas robustas e incentivos que o tornem economicamente viável em larga escala. A viabilidade econômica é crucial para garantir que o SAF possa competir com os combustíveis fósseis e impulsionar a transição para uma aviação mais sustentável.

Fonte: olhardigital.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias Relacionadas