Sexta-feira, 05/09/25

Acreditar em promessa de político é dar garantia de que papai Noel existe.

Apenas com o olhar 171 de Motta e Alcolumbre, 14 “bravos” parlamentares viram cordeiros e, alguns deles se desmancharam em pedidos de desculpas.

Por Vital Furtado

“Vamos obstruir a votação, vamos ocupar a Mesa Diretora, vamos boicotar. Aliás, não vai ser votado nada.” Foi o brado valente que incendiou conversas de bastidor e redes sociais. O clima era de guerra política. Sóstenes, em especial, fez pose de general e garantiu que estava tudo combinado para Motta bater o martelo a favor da anistia. Puro teatro.

Quando chegou a hora da verdade, bastou Motta engrossar a voz para que os valentes virassem cordeiros. Vieram pedidos de desculpa, retratações melosas e abraços conciliadores. O brasileiro, que já tinha sonhado com um gesto firme, ficou com cara de quem esperava um banquete e recebeu um prato vazio. É como ensinam os antigos: “muito peido é sinal de pouca bosta”.

Foi mais um capítulo da velha novela de Brasília: discursos em alto volume, mas ação em tom mudo. Prometeram luta, entregaram rendição. Para o público, falas heroicas; para o poder, obediência silenciosa. Entre um microfone e uma reunião fechada, a coragem sempre se perde no caminho.

Moraes segue intacto, blindado. Alcolumbre, por sua vez, mantém-se fiel à sua essência: oportunista, tão verdadeiro quanto uma nota de sete reais. Não pautará o impeachment de “Xandão” nem que o povo acampe no Senado. Afinal, está confortável no colo do desgoverno Lula e seus próprios interesses gritam mais alto do que qualquer clamor popular.

Hugo Motta joga no mesmo time. Serve a Lula, agrada a Moraes e mantém-se protegido. A má-lingua política ainda lembra: “a família do Hugo Motta não pode ouvir a sirene de uma ambulância que já se esconde, achando que é a Polícia Federal chegando”. No jogo do poder, cada um sabe onde está pisando — e onde não deve pisar.

Para salvar Bolsonaro, restariam apenas cartas improváveis: uma ação ousada de Trump nos bastidores internacionais ou que Tagliaferro jogue na mesa provas bombásticas de toda a trama que, segundo se comenta, ajudou a executar por ordem direta de Moraes. Qualquer coisa fora disso é esperar que raposa proteja galinheiro.

Do contrário, o enredo é simples: “entramos de gaiatos no navio”. O discurso inflamado foi só fumaça, a resistência virou encenação e, mais uma vez, o povo descobriu que a coragem de Brasília é igual a arco-íris: bonita de longe, mas intocável.

Opinião – Correio de Santa Maria

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