Segunda-feira, 17/11/25

Alho capixaba promete colheitas recordes com qualidade superior e resistência

G1

Produtores do Espírito Santo comemoram os primeiros resultados de um projeto inovador que visa transformar o cultivo de alho no estado. A colheita das novas variedades já revela um produto de qualidade superior, com tamanho maior, dentes graúdos e, o mais importante, livre de doenças. A iniciativa, que teve início há dois anos, conta com o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e da Embrapa, buscando aumentar a produtividade e o valor agregado para os agricultores locais.

Em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana, o produtor Rosemiro Schmidt, representante da terceira geração de sua família na produção de alho, aderiu ao projeto. As sementes utilizadas em sua plantação passaram por um rigoroso processo de “limpeza” em laboratório, conduzido pela Embrapa em Brasília. O objetivo principal era eliminar vírus e doenças que pudessem comprometer a qualidade e o rendimento da colheita.

O processo de limpeza envolve diversas etapas, conforme explica Andrea Costa, pesquisadora do Incaper. Inicialmente, os bulbos são submetidos à termoterapia, um tratamento que eleva a temperatura para eliminar os vírus. Em seguida, o material é encaminhado para cultura de tecido, onde é multiplicado e, posteriormente, levado para casas de vegetação antes de ser plantado no campo. A pesquisadora ressalta que não houve modificação genética, sendo o resultado alcançado apenas pela limpeza e seleção rigorosa do material.

Segundo Andrea Costa, os alhos cultivados no Espírito Santo desde 2023 apresentam cabeças e dentes maiores, proporcionando aos agricultores uma produtividade significativamente maior por hectare. Rosemiro Schmidt e sua esposa, Sanderli, plantaram três variedades pela primeira vez: Roxão, Amarante e Ouro Branco. A colheita, iniciada em setembro, já demonstra o sucesso da iniciativa. O produtor destaca que a qualidade é notável, com dentes graúdos e em menor quantidade por cabeça, o que diferencia o produto da região.

Além de Santa Maria de Jetibá, produtores de Domingos Martins também receberam as novas sementes no início do projeto. Atualmente, o cultivo está sendo testado em outras regiões do estado, como Muqui, Linhares e Colatina, com o objetivo de avaliar o comportamento das variedades em climas mais quentes e úmidos.

De acordo com o engenheiro agrônomo Protaze Magevski, o alho livre de vírus representa um importante diferencial para a produção capixaba, agregando valor ao produto. Ele ressalta que o alho de calibre maior tem potencial para alcançar um mercado mais amplo, enfrentando menor concorrência, uma vez que competirá com produtos importados, sem a pressão da concorrência interna.

Após a colheita, o alho passa por um período de secagem que pode durar até um mês, antes de ser comercializado em feiras e supermercados. As novas variedades ainda estão em fase de avaliação, mas os resultados iniciais são promissores e animam tanto os produtores quanto os pesquisadores. Andrea Costa complementa que, mesmo com o risco de reinfecção ao longo dos plantios consecutivos, o programa do Incaper garante que os agricultores tenham acesso contínuo a alhos livres de vírus.

Fonte: g1.globo.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *