Embalado pelo cenário externo e pela pesquisa eleitoral apontando Tarcísio à frente de Lula, Índice Bovespa chega a bater novo recorde ao ultrapassar os 142 mil pontos, pela manhã, mas fecha o dia com alta de 1,32%, aos 141.049 pontos
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) disparou, nesta quinta-feira (28/8), e bateu novo recorde histórico ao atingir 142.138 pontos, na manhã desta quinta-feira (28/8), embalada pelo otimismo externo com dados positivos do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e por nova pesquisa eleitoral com o candidato do mercado financeiro aparecendo à frente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em nova pesquisa sobre a corrida eleitoral de 2026.
Ao longo do dia, contudo, a B3 acabou recuando um pouco e o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, encerrou o dia com alta de 1,32% a 141.049 pontos. A maior patamar de fechamento da B3, portanto, segue sendo o de 4 de julho, de 141.049 pontos.
No ano, a B3 acumula alta de 17,26%. Enquanto isso, o dólar seguiu em baixa e encerrou o dia cotado a R$ 5,406, com queda de 0,20% em relação à véspera.
Na avaliação de Gabriel Mollo, analista de investimentos da Daycoval Corretora, a forte alta do IBovespa foi puxada, principalmente, pela divulgação de pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, que apontou o governador São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) superando sobre o presidente Lula, com 48,4% das intenções de voto para as eleições de 2026, contra 46,6% da preferência para o petista.
“Isso motivou o mercado e fez com que o IBovespa disparasse, com o índice futuro subindo 1,86%”, disse ele, destacando que a alta das ações listadas na B3 foi generalizada. “Acredito que o mercado deve continuar é o rali da eleição começando, e aí toda a pesquisa que o governador Tarcísio aparecer na frente de Lula, o mercado deve responder com alta já que ele se tornar presidente tende a fazer uma política econômica mais próxima do que o mercado deseja”, afirmou Mollo.
O analista também reconheceu que indicadores dos Estados Unidos, como a segunda leitura do PIB de abril a junho, também contribuíram para o otimismo nas bolsas. “Os dados vieram em linha, como o PIB, os pedidos de seguro-desemprego também e reforçam a ideia de que os juros norte-americanos devem ser cortados em setembro”, destacou. Segundo ele, por aqui, os cortes na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 15% ao ano, só devem começar no primeiro trimestre de 2026.
Conforme dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, o PIB da maior economia do planeta cresceu 3,3% no segundo trimestre do ano, nos dados anualizados, revertendo a queda de 0,5% do primeiro trimestre, na mesma base de comparação.
De acordo com os economistas, apesar de levemente acima do esperado, o crescimento do PIB norte-americano do segundo trimestre pode não ser tão positiva quanto parece. A economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), lembrou que as projeções de crescimento do PIB dos EUA giram em torno de 2%, e, portanto, é esperada uma desaceleração nesta segunda metade do ano.
André Perfeito, economista e consultor, também avaliou que o resultado do PIB não é tão positivo assim e destacou que, por conta dessa perspectiva de desaceleração da economia, os juros futuros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos estavam caindo 2,7 pontos percentuais e, os de 30 anos, recuando 3,5%, no pregão de hoje. “Os dados do PIB norte-americano sugerem que haverá espaço para corte de juros. Isso está influenciando a curva de juros brasileira com forte repercussão sobre a Bolsa”, afirmou. Ele reconheceu que uma pesquisa recente que colocou Tarcísio à frente de Lula no pleito de 2026, “sem dúvida, animou os investidores”.
Silvia Matos, do Ibre, destacou que as recentes interferências de Trump no Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que culminou na demissão da diretora Lisa Cook, primeira negra a integrar o board do BC norte-americano, estão gerando uma crise de credibilidade nos EUA. “O governo pode até conseguir uma queda nos juros a curto prazo, mas o futuro da dívida e como ela será financiada a longo prazo é que preocupa”, alertou. Por outro lado, o dólar mais fraco é positivo para o Brasil, porque contribui para a redução das pressões inflacionárias.
Correio de Santa Maria com dados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos