Vivemos em um país onde não se pode mais sonhar com um futuro melhor.
Por Vital Furtado
O Brasil, que outrora era chamado de “berço esplêndido”, caminha hoje a passos largos rumo à anarquia institucional. Um país vasto, rico em recursos naturais, povo trabalhador e de espírito alegre, vê-se agora afundado em uma crise moral, política e jurídica sem precedentes. A esperança, que sempre foi combustível da nossa gente, parece ter sido sequestrada pelas engrenagens de um sistema que trabalha contra o próprio povo.
O Judiciário, que deveria ser o guardião da Constituição e o último bastião da justiça, virou protagonista de uma distorção autoritária. Não julga mais conforme a lei, mas conforme ideologias e preferências políticas. Aqueles que ousam questionar ou pensar diferente são perseguidos, censurados ou encarcerados sob justificativas frágeis e seletivas. O Estado de Direito virou um teatro onde o script muda conforme os interesses dos que estão togados.
No Executivo, reina a corrupção escancarada. Escândalos bilionários são tratados com naturalidade, como se o desvio de recursos públicos fosse parte indissociável da administração. Ministérios são loteados, estatais são sangradas e o discurso do “social” serve apenas de escudo para justificar roubos em série. Não se governa para o povo, governa-se para os aliados e financiadores do poder.
O Legislativo, por sua vez, perdeu completamente sua função de representar a população. Hoje, é apenas um rebanho de parlamentares ajoelhados aos interesses do sistema. Não há fiscalização efetiva, não há freio aos abusos do Judiciário, não há coragem para legislar com independência. Quando não estão omissos, estão ocupados em legislar em causa própria ou em troca de favores.
As Forças Armadas, que já simbolizaram a esperança de estabilidade, hoje são motivo de desilusão. Submetidas ao silêncio e à passividade, parecem ter abdicado de qualquer papel relevante na defesa da soberania nacional e da ordem constitucional. Para muitos brasileiros, o silêncio dos generais é ensurdecedor e representa a traição de um dever histórico.
Vivemos em um país onde não se pode mais sonhar com um futuro melhor. O cidadão comum, aquele que paga impostos, trabalha, educa seus filhos e ama sua pátria, está de mãos atadas diante de um sistema que concentra poder, destrói reputações e impede qualquer reação. O Brasil se transformou em uma terra onde o mérito é punido e o erro, premiado.
A juventude, que deveria estar se preparando para liderar um país mais justo e próspero, encontra-se desmotivada e descrente. O ensino doutrina, a mídia manipula, e o ambiente social desencoraja qualquer manifestação de inconformismo. Sonhar se tornou perigoso, e pensar diferente é quase um ato de guerra contra o Estado.
Ainda assim, a história mostra que o povo brasileiro tem uma força que renasce quando tudo parece perdido. Talvez, das cinzas dessa anarquia, surja uma geração que não aceite ser escrava de um sistema corrupto e autoritário. O futuro, por mais sombrio que pareça, ainda pode ser resgatado – mas isso dependerá da coragem de resistir, da lucidez para discernir e da união para reconstruir.
Redação: Correio de Santa Maria