Terça-feira, 23/12/25

Dólar avança e Bolsa recua com mercado atento à agenda da semana

Dólar avança e Bolsa recua com mercado atento à agenda da semana
Dólar avança e Bolsa recua com mercado atento à agenda – Reprodução

O dólar está em alta nesta segunda-feira (22), dia de baixa liquidez devido à proximidade do Natal e do recesso de fim de ano.

Os investidores se posicionam atentos à agenda da semana, que deve fornecer mais pistas sobre as próximas decisões de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) e do BC (Banco Central) brasileiro.

Às 13h31, a moeda avançava 0,81%, a R$ 5,575. Já a Bolsa recuava 0,17%, a 158.198 pontos.

A semana mais curta em função do Natal começa sem gatilhos fortes para operações no Brasil. O Congresso Nacional encerrou os trabalhos do ano na sexta-feira, com a aprovação do Orçamento Federal para 2026.

O texto prevê um superávit primário de R$ 34,5 bilhões no próximo ano, ligeiramente acima da meta fiscal de R$ 34,3 bilhões, equivalente a 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto). O arcabouço define uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para que a meta fiscal seja considerada cumprida. No ano que vem, essa banda ficará entre déficit zero e superávit de R$ 68,5 bilhões.

Além disso, os operadores digerem o Boletim Focus desta semana. O relatório indicou que a perspectiva sobre a taxa Selic subiu de 12,13% para 12,25% no próximo ano, sugerindo que o mercado está cauteloso quanto à postura do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC após a ata da última reunião.

“Temos a curva de juros aqui no Brasil subindo hoje de forma praticamente uniforme e isso joga bem contra o mercado de ações. É uma semana com a liquidez que a gente já sabe que é menor”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

No encontro de dezembro, o colegiado manteve a taxa em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas, e julgou que a estratégia atual de manutenção dos juros é adequada para a convergência da inflação à meta.

O objetivo do BC é levar o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) a 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O Focus apontou que a mediana das projeções para a inflação de 2025 é 4,33%, abaixo do teto da meta.

O IPCA-15 de dezembro será publicado na terça-feira. O indicador é, na prática, uma prévia do IPCA do mês e será observado de perto pelos investidores à procura de sinais sobre as próximas decisões do Copom.

O colegiado não fechou as portas para uma queda na Selic já em janeiro, tampouco cravou que manterá os juros no atual patamar novamente. O cenário está em aberto, afirmou o presidente do BC, Gabriel Galípolo, e a escolha vai depender da análise de dados.

“Apesar do Copom não ter fechado as portas para uma queda antecipada da Selic, a maioria das apostas aponta para o corte ocorrer em março”, afirma Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

No mercado de câmbio, quanto maior o diferencial de juros entre Estados Unidos e Brasil, melhor para o real. Os investidores se valem da estratégia de carry trade para potencializar lucros, isto é, tomam empréstimos a taxas menores, como a dos EUA, para investir em mercados de juros mais altos, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

O diferencial de juros aumentou nos últimos meses, quando o Fed decidiu cortar a taxa em 0,25 ponto percentual por três reuniões seguidas. A próxima decisão, porém, está em aberto, e o presidente do Fed, Jerome Powell, evitou indicar quais serão os próximos passos do banco central. Ele afirmou que os juros estão “bem posicionados” para responder ao que estiver por vir para a economia e que as decisões serão feitas “reunião a reunião” a partir do que indicarem os dados econômicos.

Nesse sentido, operadores seguem atentos às novas divulgações e falas de autoridades do banco central.
A semana guarda, por exemplo, números do PIB do terceiro trimestre, já na terça-feira. A expectativa do Bradesco é que o dado mostre uma alta de 3,2% na comparação anual. O dia também reserva o índice PCE, métrica favorita do Fed para medir a inflação. Já semana que vem trará a ata do encontro do Fed, que deverá detalhar a tomada de decisão do comitê.

A expectativa é que a autoridade monetária mantenha os juros na faixa de 3,75% e 3,5% no encontro de janeiro: segundo a ferramenta FedWatch, essa aposta reúne 80% dos operadores. Os 20% restantes apontam que um novo corte de 0,25 ponto percentual é mais provável.

O clima, então, é de espera e cautela. No mercado de câmbio, “o cenário eleitoral e as remessas de final de ano estão impedindo uma valorização maior do real nesse fim de ano”, diz Mattos, da StoneX.

T LB

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