Sexta-feira, 05/09/25

Empresário suspeito de ligação com PCC tem quase 30 postos em Goiás

Empresário suspeito de ligação com PCC tem quase 30 postos em Goiás (Foto: Marcello Casal Jr. - Agência Brasil)

Armando Hussein Ali Mourad é irmão de um dos principais alvos da megaoperação Carbono Oculto

O empresário Armando Hussein Ali Mourad, irmão de um dos principais alvos da megaoperação Carbono Oculto na última quinta-feira (28), Mohamad Hussein Mourad, é sócio e/ou administrador de, pelo menos, oito postos de combustíveis no Entorno do Distrito Federal, além de outros cerca de 20 pelo restante Estado, inclusive em Goiânia.  A ação da última semana cumpriu 200 ordens de busca, apreensão e prisão contra 350 alvos ligados a um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis (por meio de adulteração), controlado pelo PCC, em dez estados brasileiros, entre eles o território goiano.

Segundo a PF, Mohamad usava parentes para dar aparência de legalidade aos negócios. Além dos postos, Armando também assumiu uma distribuidora em Goiás, conforme a corporação. Os locais foram usados para lavar dinheiro e expandir os negócios da família.

Os postos de Armando, informou a PF, são “bandeira branca”. Isso significa que eles não possuem vínculo direto com grandes distribuidoras de petróleo. Ainda sobre os estabelecimentos, quatro levam o nome de Infinity e dois de PPostos. Saiba onde estão aqueles localizados no entorno do DF:

•             PPostos Abadiânia, em Abadiânia

•             PPostos Alexânia, em Alexânia

•             Posto Infinity Alexânia, em Alexânia

•             Posto Infinity Goianésia, em Goianésia

•             Posto Infinity Luziânia, em Luziânia

•             Posto Futura Niquelândia, em Niquelândia

•             Posto Infinity Divisa, em Santo Antônio do Descoberto

•             Posto Santo Antônio, em Santo Antônio do Descoberto

Ele ainda possui ou administra outros 20 postos pelo Estado, inclusive em Goiânia e região metropolitana. Confira:

•             Sucesso Auto Posto (Justiniano e Justiniano Real Combustíveis), em Aparecida de Goiânia

•             Posto Dipoco, em Catalão

•             Posto Infinity, em Catalão

•             Posto Atlântico, em Goiânia

•             Posto Canaã, em Goiânia

•             Posto Parada 85, em Goiânia

•             Posto São José, em Goiânia

•             PPostos Hidrolândia, em Hidrolândia

•             Futura Cristo, em Jataí

•             Futura JK, em Jataí

•             Futura Shopping, em Jataí

•             Futura Vilelão, em Jataí

•             Posto da Serra, em Morrinhos

•             Posto Infinity Morrinhos, em Morrinhos

•             Posto Avenida, em Rio Verde

•             Posto Infinity, em Rio Verde

•             Posto Infinity (Posto Vini Show), em Senador Canedo

•             Posto Infinity Redevoada, em Senador Canedo

•             Posto Nova Era, em Senador Canedo

•             Posto Yellow, em Terezópolis de Goiás

O levantamento foi divulgado pelo Metrópoles.

Megaoperação

Conforme as investigações, importadoras traziam Nafta e diesel do exterior com recursos de empresas ligadas aos criminosos. As distribuidoras, então, revendiam com fraudes e sonegavam impostos, além de adulterar os combustíveis com metanol para potencializar os lucros.

Foi apurado, ainda, que os mais de mil postos envolvidos recebiam pagamentos em espécie e máquinas de cartão, e registravam como valores legais. A movimentação estimada, entre 2020 e 2024, foi de R$ 52 bilhões, com baixa arrecadação de impostos. Apenas uma Fintech ligada ao grupo movimentou R$ 46 milhões nos quatro anos.

Ainda sobre a lavagem de dinheiro, os suspeitos investiam em fundos e bens, como caminhões, usinas, bem como imóveis e fazendas, e mais. Durante a megaoperação, a investigação também solicitou bloqueio de R$ 7,6 bilhões na tentativa de recuperar R$ 7,6 bilhões em tributos estaduais. Mais de mil postos participavam da lavagem de dinheiro, conforme a Receita Federal, Ministério Público e Polícia Militar.

Adulteração de combustíveis

De acordo com as investigações, o alvo principal é a importação irregular de metanol, produto usado na adulteração de combustíveis. O material chegava ao Brasil pelo Porto de Paranaguá (PR), mas não era entregue aos destinatários registrados nas notas fiscais. Em vez disso, era desviado e transportado clandestinamente, com documentação falsificada e sem as mínimas condições de segurança, colocando em risco motoristas, pedestres e o meio ambiente.

Esse metanol era encaminhado para postos e distribuidoras controlados pela organização criminosa, onde servia para adulterar gasolina e etanol, aumentando de forma ilícita a margem de lucro. Os investigadores já identificaram mais de 300 postos de combustíveis em diferentes regiões do país que atuavam nessas fraudes.

A operação envolve cerca de 1.400 agentes públicos e além do Estado acontece em São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A ação é coordenada por órgãos como o Ministério Público de São Paulo (Gaeco), Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal e as polícias Civil e Militar de São Paulo.

Esquema do PCC

O esquema utilizava importadoras de fachada que compravam no exterior nafta, hidrocarbonetos e diesel. O financiamento dessas compras era feito por formuladoras e distribuidoras também ligadas ao grupo criminoso. Entre 2020 e 2024, os investigados teriam importado mais de R$ 10 bilhões em combustíveis de forma ilegal.

Na etapa seguinte, as empresas adulteravam os produtos e deixavam de pagar tributos nas vendas, repetindo o processo em larga escala. Isso permitia ao grupo abastecer postos a preços mais baixos, desequilibrando a concorrência e ampliando seus ganhos.

Lavagem de dinheiro com Fintechs

Outro ponto levantado pela investigação foi o uso de fintechs, empresas de tecnologia financeira que oferecem serviços como transferências e pagamentos digitais. Diferente dos bancos tradicionais, essas plataformas funcionam de maneira mais ágil e com menos burocracia.

No esquema, fintechs criadas ou controladas por laranjas movimentavam grandes quantias por meio de contabilidade paralela, permitindo transferências sem a identificação dos beneficiários finais. Isso dificultava o rastreamento do dinheiro e ajudava a lavar os lucros ilícitos.

Bloqueio de bens e prejuízo fiscal durante a megaoperação

Para tentar recuperar parte do dinheiro que foi sonegado, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) entrou na Justiça para bloquear bens dos investigados. Entre os bens estão imóveis, empresas e carros de luxo, totalizando mais de R$ 1 bilhão.

Além disso, a Receita Federal já identificou que R$ 8,67 bilhões em impostos federais deixaram de ser pagos por pessoas e empresas envolvidas no esquema. Esse valor corresponde a tributos que deveriam ter sido recolhidos em importação, produção e venda de combustíveis adulterados.

Correio de Santa Maria com informações da Polícia Federal

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