Ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro questiona em depoimento delação do ex-ajudante de ordens da Presidência e apresenta recibo para provar que não estava em reunião no Alvorada em que teria sido apresentada a minuta do golpe
Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira (24/7), o ex-assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República Filipe Martins, réu no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado, negou ter participado de reuniões para discutir uma proposta de ruptura institucional.
Martins, que faz parte do núcleo 2, responsável pelo planejamento golpista, contestou as acusações, especialmente a delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele disse, inclusive, que seus contatos com o tenente-coronel eram raros e profissionais, geralmente relacionados à organização de agendas internacionais e ligações de Bolsonaro com chefes de Estado.
O ex-assessor de Bolsonaro ressaltou também que apagou mensagens trocadas após a apreensão da minuta golpista na casa de Anderson Torres, então ministro da Justiça, porque o ato é algo habitual que ele costuma fazer no WhatsApp.
Ainda segundo Martins, a Procuradoria-Geral da República (PGR) optou por não incluir essas mensagens nos autos, o que, para ele, demonstra a fragilidade das ilações.
Um dos pontos centrais da denúncia contra Filipe Martins é a suposta participação em uma reunião no Palácio da Alvorada em 7 de dezembro de 2022, quando teria sido apresentada a minuta do golpe. No entanto, o ex-assessor apresentou evidências para refutar a acusação.
Ele citou que o próprio general Carlos Baptista Júnior, então comandante da Força Aérea, e o Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, negaram sua presença no encontro, bem como Paulo Sérgio Nogueira e o general Freire Gomes, que estavam presentes no dia.
O réu no STF concluiu seu depoimento afirmando que se considera “um preso político e com restrições injustificadas” de sua liberdade de expressão, e que a acusação se baseia em “alegações frágeis”, com a delação de Cid “mudando a cada ocasião”. De acordo com a delação, Martins discutiu a minuta do golpe diretamente com Cid.
Correio de Santa Maria, com informações da defesa de Filipe Martins