Quarta-feira, 27/08/25

Lula usa boné com resposta a Trump e dá recados para Eduardo Bolsonaro e big techs em reunião ministerial.

O presidente Lula em reunião com os seus ministros no Palácio do Planalto, em 26 de agosto — Foto: Cristiano Mariz/O GLOBO

Presidente também mencionou guerra na Ucrânia e voltou a falar que há genocídio em Gaza

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto, sua equipe de ministros para projetar a entrega de ações consideradas prioritárias pelo governo. Na abertura da reunião, transmitida à imprensa, o presidente criticou o tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros, a guerra em Gaza e a falta de regulamentação de big techs.

Lula e seus ministros também usaram um boné com os dizeres “O Brasil é dos Brasileiros”. O acessório passou a ser utilizado em fevereiro por integrantes do governo brasileiro como resposta ao boné que traz os dizeres “Make America Great Again” (Faça os EUA grandes de novo, em tradução livre), marca da gestão Trump, que já foi utilizado por opositores, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Tarifaço e big techs

No seu discurso, Lula afirmou que Trump “tem agido como se fosse o imperador do planeta Terra”.

 É uma coisa descabida, mas ele continua fazendo ameaças ao mundo inteiro — afirmou Lula.

O brasileiro afirmou que Trump ameaça quem tenta adotar medidas contra as grandes empresas de tecnologia, as big techs. O governo prepara dois projetos para regulamentação das atividades dessas empresas.

— Ele [Trump] publicou de novo ontem às 21h uma nota ameaçando outra vez que quem mexer com as big techs deles vai sofrer as consequências. Disse que as big techs são patrimônios americanos e não quer que ninguém mexa. Isso pode ser verdade para ele, não para nós. Somos um país soberano, temos uma legislação e quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de quilômetros quadrados no nosso espaço aéreo, marítimo, nas nossas florestas, tem que prestar conta à nossa Constituição — disse o presidente.

Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos ameaçou impor tarifas adicionais a produtos de determinados países importados pelos americanos e restrições de exportação sobre tecnologias avançadas e semicondutores, em retaliação a impostos sobre serviços digitais que afetam empresas americanas de tecnologia.

“Impostos digitais, legislações sobre serviços digitais e regulamentações de mercados digitais são todos projetados para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana”, publicou Trump na rede Truth Social. “Eles também, de forma ultrajante, dão passe livre às maiores empresas de tecnologia da China. Isso precisa acabar, e acabar AGORA!”

Defesa da soberania

O presidente Lula disse também que as ações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, com o lobby a favor de sanções ao governo brasileiro, são a “maior traição à pátria” da História do Brasil.

 — O que está acontecendo hoje no Brasil com a família do ex-presidente e com o comportamento do filho dele nos EUA é uma das maiores traições à pátria — disse Lula.

O presidente brasileiro cobrou que todos os seus ministros defendam a soberania brasileira contra as sanções dos Estados Unidos ao país. Ele também criticou o que chamou de “traição à pátria” da família do ex-presidente Jair Bolsonaro.

— Não conheço na História deste país algum momento em que um traidor da pátria teve a desfaçatez de mudar para um país que ele está adotando como pátria e tentando insuflar o ódio de alguns governantes americanos contra o povo brasileiro. É importante que cada ministro nas falas que fizerem daqui para a frente façam questão de retratar a soberania deste país. Se a gente gostasse de imperador, não tinha acabado com o Império — afirmou Lula.

Sobre o tarifaço, o presidente afirmou que o Brasil está disposto a negociar com os americanos, mas que exige respeito.

— Estamos dispostos a sentarmos na mesa com igualdade de condições. O que não estamos dispostos é a ser tratados como subalternos. Isso não aceitamos de ninguém. Nosso compromisso é com o povo brasileiro — ressaltou.

O presidente também lamentou a suspensão do visto do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pelos EUA. Segundo ele, foi um “gesto irresponsável”.

Faixa de Gaza e guerra na Ucrânia

Em outros trechos de sua fala, Lula voltou a afirmar que Israel comete um genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. O conflito na região foi iniciado após um ataque terrorista do Hamas no território israelense, há quase dois anos.

— Temos a continuidade do genocídio na Faixa de Gaza, que não para, todo dia mais gente morre — declarou Lula, acrescentando que crianças que passam fome são “assassinadas como se fossem do Hamas” pelas tropas israelenses.

Sobre a guerra na Ucrânia, o presidente brasileiro afirmou que o conflito iniciado pela Rússia “está para chegar ao final” e que há uma preocupação entre os principais atores, como EUA e União Europeia, sobre quem ficará com a dívida do conflito.

— Eu acho que tanto o presidente [Vladimir] Putin [da Rússia] quanto o presidente [Volodymyr] Zelensky [da Ucrânia] já sabem o limite de onde vai essa guerra, a Europa já sabe o limite, Trump já sabe o limite. Então eu acho que estão apenas aguardando o momento que eles tenham coragem de anunciar o fim dessa guerra. Na verdade, eu acho que preocupação maior é quem vai ficar com a dívida da guerra — disse Lula.

Segunda reunião

As falas foram feitas durante a segunda reunião com todos os integrantes do primeiro escalão da Esplanada neste ano. A primeira foi em janeiro. Os ministros receberam bonés iguais aos do presidente e os utilizaram no início do encontro, quando a sala foi aberta para jornalistas captarem imagens.

Em janeiro, última vez em que reuniu toda a Esplanada para uma conversa, o presidente disse que 2026 já havia começado, em alusão às eleições presidenciais do próximo ano. Na reunião desta terça-feira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez uma apresentação do que considera as principais entregas do governo nestes dois anos e oito meses de mandato, com destaque para a redução do desemprego e o aumento de 9% na média dos salários nos últimos três anos. O rendimento do trabalho mensal médio atual é de R$ 3.497, a máxima histórica em valores nominais.

O encontro ocorre no momento em que Lula segue retomando a melhora da popularidade e tem buscado se aproximar de presidentes de legendas aliadas com foco na campanha para o quarto mandato. Nas últimas semanas, Lula se reuniu com lideranças e caciques de partidos como MDB, Republicanos, União Brasil, PSB e PSD.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra que a distância entre a parcela da população que aprova (46%) e a que desaprova (51%) o governo caiu pela metade em um mês, passando de 10 para 5 pontos percentuais.

O resultado confirma a tendência de recuperação da avaliação da gestão petista iniciada na pesquisa anterior, de julho, e representa a maior aprovação desde janeiro, quando marcou 47%. A avaliação do governo mostra que 39% veem a gestão petista como negativa, enquanto 31% entendem como positiva e 27% como regular. Outros 3% não sabem ou não responderam.

Correio de Santa Maria, com informações da Secom/PR

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