Domingo, 07/12/25

Médicos realizam primeira cirurgia remota de avc com robô no mundo

Maurício Thomaz

Um marco na medicina foi alcançado com a realização da primeira cirurgia de Acidente Vascular Cerebral (AVC) utilizando um robô e operada remotamente. Pesquisadores da Universidade de Dundee, na Escócia, lideraram o procedimento experimental, uma trombectomia remota, que consiste na remoção de coágulos sanguíneos do cérebro. A operação foi conduzida em corpos humanos doados para a ciência.

A professora Iris Grunwald, da Universidade de Dundee, coordenou a cirurgia a partir do Hospital Ninewells, enquanto o corpo estava em outro local da cidade. Posteriormente, o neurocirurgião Ricardo Hanel, situado em Jacksonville, Flórida (EUA), replicou o procedimento a uma distância superior a 6,4 mil quilômetros.

Os pesquisadores envolvidos descrevem o feito como um potencial divisor de águas, capaz de transformar o atendimento a pacientes vítimas de AVC, principalmente em áreas geograficamente distantes de centros médicos especializados.

A tecnologia utilizada no experimento foi desenvolvida pela empresa lituana Sentante. O sistema permite que o robô execute, em tempo real, os movimentos precisos do cirurgião, mesmo a grandes distâncias. O equipamento é integrado a cateteres e fios convencionais, semelhantes aos utilizados em trombectomias tradicionais.

Durante os testes, quatro corpos humanos doados à pesquisa foram utilizados, com um fluido simulando sangue circulando nos vasos sanguíneos. O robô operou com precisão, enquanto os médicos acompanhavam as imagens de raios X em tempo real, monitorando cada etapa da cirurgia.

A estabilidade da conexão foi garantida pelas empresas Nvidia e Ericsson. De acordo com os médicos, o tempo de resposta entre o comando e a execução, conhecido como latência, foi de apenas 120 milissegundos, um intervalo comparável ao tempo de um piscar de olhos.

O estudo evidencia o potencial da tecnologia para ampliar o acesso a cirurgias de AVC. Atualmente, na Escócia, apenas três cidades oferecem o procedimento de trombectomia, o que exige que pacientes de outras regiões se desloquem para receber tratamento, diminuindo as chances de recuperação. A professora Grunwald ressaltou que a cada seis minutos de atraso, a probabilidade de um bom resultado clínico diminui em 1%. A possibilidade de realizar a cirurgia remotamente pode, portanto, salvar vidas, eliminando as barreiras geográficas.

Em um ano recente, foram registrados 9.625 casos de AVC isquêmico na Escócia, dos quais apenas 2,2% dos pacientes foram submetidos à trombectomia. Um índice semelhante é observado no Reino Unido, onde apenas 3,9% dos casos tiveram acesso ao procedimento.

A expectativa dos cientistas é que os testes clínicos em pacientes vivos comecem no próximo ano, abrindo caminho para uma nova fase da cirurgia robótica no tratamento de AVC. Segundo o CEO da Sentante, Edvardas Satkauskas, “às vezes, o futuro está mais próximo do que imaginamos”.

Fonte: olhardigital.com.br

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